Com a nova variante do circulando em Mato Grosso do Sul, o número de mortes entre pacientes mais jovens tem aumentado no estado. Se antes, os sintomas mais graves da doença eram quase exclusivos aos idosos, agora o cenário é outro. Em três meses, o número de mortes por coronavírus entre jovens dobrou em MS. 

Dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde) mostram que há 39 mortes registradas entre pacientes de 0 a 29 anos em Mato Grosso do Sul. Conforme boletim epidemiológico de domingo (21), o Estado registrou 32 mortes entre jovens de 20 a 29 anos, duas mortes entre pacientes de 10 a 19 anos, quatro óbitos entre crianças de 1 a 9 anos e uma morte de um bebê.

Em apenas três meses, o número entre mortes entre jovens dobrou. Do início da pandemia até o dia 21 de dezembro, MS registrou somente 20 mortes de pacientes de até 29 anos. Agora, há 39 mortes de jovens registradas. 

As mortes de pacientes jovens têm ocorrido com mais frequência e uma das explicações pode ser a nova variante do coronavírus, que teve a circulação em MS confirmada pelo Governo do Estado no início do mês. No domingo (21), por exemplo, o boletim trouxe o registro da morte de uma jovem de apenas 27 anos em Naviraí, ela não tinha nenhuma comorbidade relatada. 

Apesar do avanço, jovens ainda são minoria entre os óbitos. Pacientes de até 29 anos representam 1% dos óbitos registrados durante toda a pandemia em Mato Grosso do Sul. Dados da SES mostram que pacientes de 30 a 39 anos representam 2,9% dos óbitos por Covid-19, enquanto pacientes de 40 a 49 anos são 6,7% das mortes; de 50 a 59 anos representam 14,5%; de 60 a 69 anos são 24%; de 70 a 79 anos são 26,1%; pacientes acima de 80 anos representam 24,9% das mortes.

Nova variante

No início de março, o secretário confirmou o primeiro caso da variante P.1 do coronavírus em Mato Grosso do Sul. O caso foi identificado em um paciente de Corumbá, ele havia ficado por vários dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). “O paciente veio de – primeiro local onde a nova cepa foi identificada – e foi internado em Corumbá”, disse Resende. 

Um estudo de epidemiologia genômica feito por cientistas brasileiros revela que pacientes infectados com a nova variante P.1, de origem no Amazonas, têm uma carga viral 10 vezes maior em secreções colhidas por amostras RT-PCR do que a média vista em cepas anteriores. Além disso, essa carga está também mais alta em homens e mulheres adultos com idade inferior a 60 anos.

A infectologista Iris Bucker ressalta que a nova cepa do coronavírus tem características diferentes e ainda mais perigosas, como a maior capacidade de contaminação e pelo fato de atingir pacientes mais jovens, levando à internação. “Se a gente imaginar que vai se espalhar mais rápido, a nossa situação pode ficar ainda mais crítica”.