A ansiedade tem sido uma grande preocupação desde o começo da quarentena em meio à pandemia do (Covid-19), com o implementado como medida protetiva e preventiva contra a doença, os brasileiros tiveram que se adaptar a uma nova rotina e lidar com diversos novos comportamentos a partir de tudo isso. A mudança trouxe grandes impactos para o corpo e a mente como um todo. Ao longo de todo o mês de janeiro, a campanha do Janeiro Branco convida as pessoas a refletirem sobre a saúde mental, promovendo a conscientização sobre a importância da prevenção ao adoecimento mental, que gera grandes e preocupantes impactos na sociedade e evidencia sintomas de problemas como a ansiedade.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros convivem com o transtorno, o que representa 9,3% da população. Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, em setembro de 2020, com pouco mais de 17 mil brasileiros, aponta que a ansiedade é o transtorno mais presente durante a pandemia, encontrada em 86,5% dos respondentes.

“‘A ansiedade é excesso de futuro'. Ouvi esta definição uma vez e adotei para mim. Sempre fui muito ansioso, tomava decisões e desejava que acontecesse em seguida. Aparecia um problema, eu queria resolver de imediato e, assim, fui caminhando na montanha-russa da vida e, principalmente, dos negócios”, conta Mauricio Patrocinio, empresário, palestrante, autor do livro “Por que as pessoas não são felizes” e especialista em relacionamentos interpessoais, ajudando as pessoas que não se sentem plenamente felizes com a vida a encontrarem o seu equilíbrio. “A ansiedade provoca o medo e ele, por sua vez, nos coloca em pânico ou nos paralisa, provocando sensações que nada agregam em nossas vidas. Minha visão desta pandemia é que ela exacerbou, de maneira exponencial, tudo aquilo que já sofríamos. Não passamos a ter ansiedade por conta da pandemia, mas a ansiedade, em muitos casos, foi ao extremo e se tornou insustentável com ela”, completa.

Como lidar, então, com a ansiedade, diante de tantos agravantes que a pandemia nos trouxe? Mauricio lista abaixo 10 dicas preciosas que ele mesmo já colocou em prática em sua vida e que o ajudaram a enfrentar o problema.

1. Saiba que problemas sempre existiram e sempre existirão. Ninguém é feliz o tempo todo e todos os dias lidamos com diversas situações e problemas no dia a dia. A diferença está na forma como lidamos com os problemas e o que fazemos, de verdade, para solucioná-los. “Quanto mais crescemos, mais e maiores problemas aparecem. Trabalhe as suas expectativas em saber que a vida é feita com desafios maiores ou menores, de tempos em tempos, e esteja preparado para eles aparecerem”, aconselha Mauricio.

2. Nos momentos de tormenta, respire e saiba esperar. Caso o problema seja algo que te atormente muito, tire um tempo para assimilá-lo e espere um momento mais calmo para lidar com ele e resolvê-lo, se possível. E, mais importante que isso, saiba aproveitar os momentos e não sofrer por antecipação.  “Faça aquilo que está no seu controle e saiba entender o que não está. Respeite isso e não sofra. Sofrer nunca vai resolver problema algum. Nos momentos de calmaria, aproveite, desfrute e, ao invés de sofrer por antecipação ao próximo problema, previna-se e gerencie os riscos”.

3. Não se culpe ou se puna, tampouco se vitimize. Se as coisas andam difíceis, tente entender o que está acontecendo, com calma, e o que pode ser feito para resolver. Não terceirize os seus problemas. Assuma os seus erros e as consequências deles, pois só assim poderá encerrar esses assuntos e seguir em frente, sem peso e sem culpa. “Não se permita entrar no vitimismo, culpando algo ou alguém. Assuma a responsabilidade de que o erro aconteceu, lamente e evite que ocorra novamente no futuro”, explica o especialista.

4. Tudo passa – o que é bom e o que é ruim. “Quando estamos em meio às dificuldades, achamos que não há saída, criamos monstros e achamos que nunca irá passar, assim como quando tudo está bem corremos o risco de achar que aquilo será pra sempre, sofrendo novamente quando outros problemas aparecem”, observa Patrocinio. O importante é que  você saiba lidar com as dificuldades e usar delas para tirar algo, seja uma lição a ser aprendida ou um passo a mais a ser dado.

5. Pense de forma clara, faça um esforço para colocar as emoções de lado e reflita no que de pior pode acontecer. As pessoas têm, muitas vezes, a tendência de achar que tudo está acabado e, quando para pensar, vê que o que acha que, muitas vezes, era tudo em sua vida, na verdade era muito pouco. “Às vezes, precisamos perder para ganhar e temos que dar alguns passos para trás para ganhar impulso para diversas outras situações em nossa vida irem para frente”.

6. Seja criativo e reinvente-se. Acolha, sim, suas dores, tristezas e perdas  diante dos problemas, mas apenas o suficiente para se recompor, recuperar o fôlego e, novamente, recomeçar a marcha. Muitas das histórias mais admiráveis do mundo foram escritas por momentos de renascimento após grandes desafios. “Esteja aberto a mudar de rotas, reconecte-se novamente com sua essência e pense nas alternativas diferentes do que você achava normal até então”, aconselha o autor do livro “Por que as pessoas não são felizes?”.

7. Seja positivo e grato. Diante dos problemas, alimente, ao máximo, as energias positivas, faça um exercício de memória de tudo de bom que você tem, valorize cada pequena coisa e, principalmente, seja grato. “Nossa mente é sempre tendenciosa a encontrar o lado ruim das coisas. Torne a gratidão um hábito e lute pelo que pode melhorar continuamente, fazendo sua parte e permitindo que o tempo faça a parte dele”.

8. Seja otimista, mas entenda o equilíbrio. “Ser otimista não é achar que, “de forma mágica”, tudo vai ficar bem, mas é acreditar que o plano que você pensou e analisou, com calma e com as emoções gerenciadas, pode dar certo, sobretudo fazendo a sua parte”, explica o empresário.

9. Tente entender o momento de persistir e o momento de desistir. É preciso saber o quanto você pode lutar por algo ou alguém. Se você não sabe o porquê está insistindo nisso, chegou a hora de parar de viver no piloto automático e questionar o porquê de estar lutando por isso a qualquer custo. Vale mesmo a pena? O benefício de você conseguir compensa o sofrimento que essa busca te causa? Olhe para dentro de si e identifique o que realmente vale a pena. “Ao persistir, ajuste as velas e saiba desapegar de alguns luxos e comodismos por um tempo. Faça também um acordo com você mesmo, com calma e discernimento, até onde está disposto a ir – defina seu ‘stop loss'”, aconselha.

10. “Continue a nadar”. “Talvez possa ser um exemplo lúdico demais para alguns, mas adoro a personagem Dori, do ‘Procurando Nemo', que, para mim, dá a melhor lição de todas cantando: ‘Quando a vida decepciona, qual é a solução? Continue a nadar… para achar a solução, nadar!'. Tudo isso vai passar, foque no que está em suas mãos neste momento, faça seu melhor e respeite seus limites”, finaliza Mauricio Patrocinio.