SIMS (Sociedade Brasileira de Infectologia de Mato Grosso do Sul) enviou um ofício ao CRM-MS (Conselho Regional de Medicina), solicitando que a instituição investigue, fiscalize e oriente os médicos do Estado em relação ao uso indiscriminado de corticoides no tratamento de pacientes com Covid-19. 

O documento assinado pela presidente do SIMS, a infectologista Andyane Freitas Tetila, pede que haja uso racional desse tipo de medicamento, pois os profissionais infectologistas têm identificado vários casos de uso exagerado e de consequências negativas dessa medida nos pacientes. 

“Em nosso dia a dia, estamos identificando vários casos de prescrição de corticoides fora do protocolo, em pacientes que nem precisariam usar, em outros casos em doses maiores”, explica Andyane ao Midiamax.

Na fundamentação do ofício, o SIMS admite a importância dos corticoides em casos graves de Covid, inclusive com estudos que corroboram para essa medida, mas pondera que o erro está justamente em não seguir os protocolos baseados nesses estudos.

“Temos observado em nossa rotina assistencial diária a prescrição por colegas de doses suprafisiológicas em demasia, o que nos traz profunda preocupação, devido aos efeitos adversos importantes: ganho ponderal, diabetes, hipertensão, e, principalmente, a ocorrência de infecções oportunistas”, afirma um trecho do ofício.

Ainda conforme o documento, muitos dos efeitos do uso errado dos corticoides está relacionado à retirada abrupta deste medicamento. “Pacientes que usam esse corticoide por cinco, seis dias, já precisam de uma interrupção gradual, imagina pacientes com uso de 20, 30 dias”, explica Andyane.

A desinformação também leva muitas pessoas à automedicação. “Médicos e supostos médicos fazem vídeos justamente nesse contexto errado do uso dos corticoides e isso leva várias pessoas a tomarem os medicamentos por conta própria”, ressalta a presidente.

Segundo o CRM-MS, em resposta ao Midiamax, como o ofício foi enviado nesta segunda-feira (16), ainda não chegou às mãos da presidência, pois existe um tempo de aproximadamente 48 horas para isso acontecer, e que tão logo tenham conhecimento, tomarão as medidas cabíveis.