Entre apertos e atrasos, trabalhadores driblam a retirada de linhas de ônibus em Campo Grande
Linhas do transporte coletivo que ligavam bairros a um dos shoppings da Capital deixaram de circular na pandemia de Covid-19
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Desde o início da pandemia, moradores de Campo Grande sentem o impacto da retirada de linhas do transporte coletivo que ligavam bairros ao Shopping Campo Grande. Foram tiradas de circulação linhas como 086 Júlio de Castilho/Shopping Campo Grande e 082 Aero Rancho/Shopping Campo Grande. Dessa forma, trabalhadores que utilizavam essas rotas para chegarem ao serviço precisaram remanejar seus trajetos para outros ônibus, passando a enfrentar uma rotina de estresse e atraso logo no início da manhã.
Lotação
Moradora do Núcleo Industrial, Silvia Borges, de 48 anos, pega o ônibus em seu bairro às 6h rumo ao Terminal Júlio de Castilho. No local, ela costumava pegar o 086 para descer no Peg Fácil do Shopping CG e ir caminhando até os endereços em que trabalha como diarista, próximos dali.
Com a retirada do 086, Borges passou a utilizar o 411 Centro/Santa Mônica. Contudo, ela não foi a única que precisou optar por essa rota, gerando um aumento considerável no número de passageiros em horários de pico.
“Esse ônibus [411] já vem do bairro lotado, ele acaba de encher [no terminal], que você vai pendurado na porta, é horrível. A gente não tem nem como se mexer”, relata a diarista. “Eu chego tarde, a minha patroa reclama”, completa.
Atraso
Situação semelhante é enfrentada pela auxiliar de serviços gerais, Maria Aparecida da Cruz Vera, de 52 anos, que mora no bairro Tijuca II. Ela trabalha no bairro Santa Fé e pegava o ônibus 082 Aero Rancho/Shopping Campo Grande.
Desde que o circular foi retirado, vivencia o drama da incerteza se o 302 Caiobá/Centro vai parar ou não no ponto. “Todos os dias, no horário das 5h40, na rua Pará, eles não param, já pegam a faixa do meio para não pegar os passageiros de tão cheio”, conta a mulher. Segundo ela, há dias em que a espera chega a 1h30. “Será que eles acham que ninguém vai trabalhar?”, indigna-se.
Tanto Borges, quanto Vera descem no ponto em frente à Prefeitura de Campo Grande e pegam linhas que sobem a Avenida Afonso Pena até o Shopping CG para finalmente chegarem aos seus trabalhos. A estudante de Pedagogia, Maysa de Lima Salvador, de 21 anos, trabalha no shopping e também sente a ausência de um ônibus que ligue diretamente o bairro em que mora, o Nova Campo Grande, ao centro comercial.
Antes da pandemia de Covid-19, costumava utilizar o executivo 490 Nova Campo Grande/Shopping. “Esse ônibus do shopping era usado por quem trabalha mais longe e por quem trabalha no shopping. Agora essas pessoas precisam pegar até três ônibus pra trabalhar. Tirando o fato que esse ônibus que já era lotado teve que se dividir entre o Nova Campo Grande/Centro e o Jardim Carioca/Júlio de Castilho”, narra a estudante.
Segundo ela, o tempo de espera para conseguir entrar em um ônibus pode chegar a uma hora devido à lotação. “O problema com o NCG/Centro é que os primeiros pontos de parada dele são nos condomínios do bairro, então muitas vezes o ônibus lota já com os trabalhadores e estudantes dos primeiros pontos. Quando chega na avenida do bairro já tem bastante gente em pé. Depois pega toda a galera da Duque de Caixas. Só por passar por condomínios e pela Duque de Caixas, já dá pra imaginar quanta gente dentro desse ônibus, né?”, comenta Salvador.
Mesmo com organização, atrasos já fazem parte da rotina das trabalhadoras, além do estresse que passam logo nas primeiras horas do dia. “A gente paga caro no passe, não anda de graça nos ônibus, então a gente precisa de ajuda”, pede a diarista Silvia Borges.
O Jornal Midiamax fez contato tanto com a Prefeitura de Campo Grande, quanto com o Consórcio Guaicurus, por meio das assessorias de imprensa, a respeito das linhas de ônibus que ligavam ao Shopping CG e a lotação dos circulares, mas até o momento desta publicação não obteve retorno. O espaço segue aberto para posicionamento.
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