Em MS, quem tomou vacina de dose única também terá que tomar 2ª e 3ª doses
Expectativa é de intervalo de 2 meses para a D2 e de 5 para a D3, com imunizante de outra marca
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Sul-mato-grossenses com mais de 18 anos que tomaram a vacina da covid-19 de dose única do laboratório Johnson&Johnson, conhecida como Janssen, precisarão atualizar o calendário vacinal com mais duas doses de imunizantes. A informação foi confirmada na tarde da terça-feira (16) pelo titular da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Geraldo Resende.
A decisão por aplicação da D2 do imunizante — que foi concebido para ser aplicado em dose única — foi anunciada na terça-feira (16) pelo Ministério da Saúde, após estudos indicarem maior benefício com mais de uma dose da Janssen, com aumento da proteção para o índice de 94% contra as formas graves da covid-19. Além disso, a fabricante também afirmou que o reforço aplicado após seis meses da D1 aumenta o nível de anticorpos em 12 vezes, dentre outros detalhes.
Ao Jornal Midiamax, Resende detalhou que ainda nesta semana o Ministério da Saúde deve encaminhar a pauta da vacina Janssen, com os protocolos para aplicação da segunda dose. A expectativa é que o primeiro lote — com quantidade de doses ainda indefinida — chegue ainda nesta semana a MS. Isso porque anúncio do Ministério da Saúde trouxe previsão de entrega de 1,1 milhões de doses ainda neste mês, além de 28,4 milhões em dezembro.
Segundo o secretário, quem recebeu a D1 deste imunizante deverá ter D2 do mesmo tipo, com intervalo de dois meses. Na sequência, o reforço (D3) deverá ser das vacinas Astrazeneca ou Pfizer, com maior probabilidade para esta, devido à existência de estoque e grande compra feita pelo governo federal. O intervalo ainda não foi definido, mas deverá ser de cinco meses.
“Em Mato Grosso do Sul, nós recebemos doses a mais que nos outros estados, pois foi realizado o estudo na fronteira em 13 cidades com esta marca de vacina. Isso dá um quantitativo de 237 mil que temos a receber somente para a D2, pois não temos em estoque”, detalhou Resende.
Segundo Resende, a decisão tanto de ampliar a D3 para pessoas com menos de 60 anos, como a D2 de quem recebeu a dose única da Janssen teve articulação da SES. “Questionamos o governo por um posicionamento acerca dessas situações, e hoje tivemos a resposta”, acrescentou.
Todavia, uma das pautas também levantadas pelos secretários de saúde dos estados ainda não teve resposta: a imunização de crianças de 5 a 11 anos com o imunizante da Pfizer.
“Só o que temos até o momento é o pedido da Pfizer à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que ainda não teve resposta”, concluiu o secretário.
Estudo na fronteira
O estudo de imunização em massa conduzido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em 13 cidades da fronteira em MS teve resultados significativos e revelaram, em outubro, que o imunizante utilizado — de dose única — tem eficácia de 90,5% contra mortes por covid. O estudo é realizado pelo grupo Vebra Covid da Fiocruz, com apoio da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
Todos acima de 18 anos, que ainda não tinham sido vacinados com outros imunizantes, tiveram a oportunidade de receber dose da Janssen nas cidades de fronteira. Para estimar a eficácia do imunizante, a pesquisa utilizou testes RT-PCR, que são considerados ‘padrão-ouro’ para o diagnóstico da doença. Ao todo, foram analisados 11.817 testes — a maioria dos pacientes era de jovens adultos. Apenas 20% das amostras analisadas eram de pessoas com mais de 50 anos.
A eficácia da vacina da Janssen contra casos sintomáticos de covid foi de 50,9% após 28 dias da aplicação. O estudo ainda aponta uma eficácia de 72,9% contra hospitalizações e 92,5% para internações em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). As análises ainda mostraram ótimos resultados sobre os efeitos da vacinação no caso de mortes por coronavírus, com uma eficácia de 90,5%.
O estudo observou uma eficácia de 51% contra casos sintomáticos após quatro semanas da dose única. Contudo, os pesquisadores fazem algumas observações. A primeira delas é que não foi feito um sequenciamento para saber as variantes identificadas nas amostras, contudo, na época do estudo, a variante Gama, também conhecida como P1, ainda era predominante.
Cidades têm alto índice de cobertura vacinal
O alto índice de imunizados nos municípios da fronteira contribuiu para diminuir drasticamente o número de óbitos por coronavírus. Dados do boletim epidemiológico mensal da SES referentes a setembro apontaram que, de 13 cidades na fronteira, 7 não registraram uma morte sequer naquele intervalo. As cidades sem mortes foram: Aral Moreira, Caracol, Japorã, Mundo Novo, Paranhos, Porto Murtinho e Sete Quedas.
Apesar da pesquisa não analisar o índice de cobertura vacinal dos municípios, dados do Vacinômetro apontam que os imunizados são maioria na fronteira. São considerados imunizados aqueles que tomaram as duas doses da vacina ou a vacina de dose única, que é o caso da Janssen.
A cidade com o maior índice de imunizados em relação à população geral é Sete Quedas. O município tem 82,82% da população completamente imunizada. Considerando somente os adultos, o índice chega a 111,77%.
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