Desde quando foi instituído, no dia 21 de março de 2020, quando a pandemia do coronavírus dava os primeiros sinais em Campo Grande, até junho deste ano, a GCM (Guarda Civil Municipal) abordou mais de 72 mil pessoas descumprindo o toque de recolher no município. Dados obtidos com exclusividade pelo Jornal Midiamax revelam que duas regiões da cidade concentraram 45% dos flagrantes.
Conforme relatório de atuação da GCM, nesses 15 meses de fiscalização, a região do Anhanduizinho, que abrange bairros como Aero Rancho, Piratininga e Los Angeles, responde por 23% das ocorrências registradas. O número, no entanto, é reflexo do tamanho desse distrito, que é o mais populoso de Campo Grande, com cerca de 190 mil moradores.
Na sequência, o Centro aparece com 22% das ocorrências. No entanto, a análise do cenário revela que a região central concentrou mais irregularidades, uma vez que ocupa área menor e possui cerca de 72 mil moradores. Completam o ranking: Lagoa (15%), Segredo (13%), Bandeira (11%), Prosa (9%) e Imbirussu (7%).
Para o secretário de segurança e defesa social, Valério Azambuja, a região central apresenta a maior concentração de ocorrências. “É uma região que tem muita procura por lazer como bares, restaurantes e grandes aglomerações”, explicou.
O relatório detalha os locais em que os desrespeitos às medidas de combate à covid ocorreram e mostram a diferença do perfil dos bairros para o Centro. “No Anhanduizinho tem muitos campos de futebol, quadras e parques, tivemos casos de funk em praça com 500 pessoas, tabacaria com 200 pessoas, foi a região com mais ocorrências em razão da proporção da população. No centro, teve muito mais ocorrência, só que com menos pessoas. Houve concentração maior de ocorrências”, afirma o secretário.
De janeiro a junho de 2021, no Anhanduizinho, 32% das ocorrências foram registradas em conveniências, tabacarias e bares. Outros 24% foram em espaços de locação, onde normalmente são realizadas festas com aglomerações. Comércios e igrejas responderam apenas por 6% das ocorrências, juntos.
Já na região central, o perfil de descumprimento é diferente. Das ocorrências registradas este ano, 43% foram em conveniências, tabacarias ou bares, enquanto outros 42% dos flagrantes de irregularidades foram verificados em áreas públicas, ou seja, na rua.
Combate à Covid-19
O relatório de ações da GCM foi encaminhado na prestação de contas ao TCE-MS (Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul). Os dados mostram números impressionantes como o recebimento de 78.481 ligações pelo 153 nesses 15 meses de pandemia.
“É um número que levaríamos 3 anos para chegar nele e levamos 15 meses”, destacou Azambuja.
O secretário destaca, ainda, outras informações importantes. “Mais de 30 mil estabelecimentos fiscalizados e 31 mil denúncias de desrespeito ao decreto verificadas”, disse, reforçando a importância dessas ações no enfrentamento à pandemia. “Atuamos na prevenção, no caso de aglomerações, mas a regra geral é prevenção, também fizemos blitze preventivas. Atuamos para garantir a ordem pública e a saúde da população”, completou.
De acordo com o relatório, 261 pessoas foram presas durante o toque de recolher.
Mais dados
Dos mais de 30 mil estabelecimentos comerciais fiscalizados pela GCM, 484 foram notificados por estarem descumprindo alguma das medidas estabelecidas em decretos para conter o avanço da pandemia. Desses, 167 foram interditados.
Foram encerradas 139 festas com aglomerações de pessoas nesses 15 meses, ou seja, média de 9 por mês. Mais de mil residências visitadas por denúncias de aglomeração de pessoas.
“Foi uma reengenharia que passamos a partir de março [de 2020]. Foi feito planejamento e redistribuição dessas forças nas regiões. Além disso, junto veio a Vigilância Sanitária, Agetran e Semadur [Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano]”, explica o secretário.
Por fim, o secretário ressaltou que esse período da pandemia acelerou o fortalecimento da GCM. “A Guarda ocupou o espaço dela. Foi dada estrutura logística, recebeu capacitação e treinamento. [A GCM] vai continuar atendendo casos de violência doméstica, temos a vigilância eletrônica e a população pode usar o 153 para fazer denúncias de maus-tratos a animais, violência doméstica e depredação do patrimônio. Pode ligar e denunciar”, finalizou.