A principal queixa dos pacientes pós-covid é a dificuldade para respirar. Em Mato Grosso do Sul, já são quase 240 mil pacientes recuperados da doença, mas alguns sintomas podem continuar após o período da infecção e perdurar por até quatro meses. Para auxiliar a recuperar a capacidade do pulmão, o acompanhamento de um médico e fisioterapeuta é essencial. Há exercícios respiratórios que podem ser feitos, inclusive com a ajuda de um aparelho portátil que já está em falta em farmácias da Capital, o Respiron.

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Médico pneumologista Ronaldo Perches trata pacientes com síndrome pós-covid. (Foto: Reprodução)

O médico pneumologista Ronaldo Perches Queiroz é uma referência no atendimento de pacientes pós-covid em Campo Grande. Ele explica que a principal queixa dos pacientes na síndrome pós-covid é o cansaço e a falta de ar. O médico ressalta que o acompanhamento de um pneumologista é essencial para evitar que a inflamação no pulmão causada pelo coronavírus possa se transformar em uma fibrose, que é uma lesão definitiva. 

O médico ressalta que o acompanhamento de um fisioterapeuta também é muito importante. “A fisioterapia tem papel fundamental no tratamento dos pacientes com comprometimento pulmonar no Pós-Covid. Com exercícios respiratórios específicos, os fisioterapeutas colaboram de forma decisiva com o tratamento na recuperação e reabilitação dos pacientes”, afirma. 

O fisioterapeuta intensivista Delando Breno atende pacientes após a infecção pelo coronavírus e explica que é preciso realizar constantes fisioterapias respiratórias em decorrência das inflamações pulmonares causadas pelo vírus. “Os pulmões, que têm vários alvéolos, precisam receber o oxigênio do ambiente e liberar o gás carbônico, o que chamamos de troca gasosa. O pulmão afetado pela apresenta uma grande dificuldade de realizar este processo”.

Breno relata que uma das funções da fisioterapia respiratória é manter aberto ou reabrir os alvéolos mais afetados, e que consequentemente não conseguem mais se expandir. “Só o fato de treinarmos o paciente para respirar mais fundo, é justamente para isso, fazer entrar uma maior quantidade de oxigênio e forçar a abertura destas cavidades que estão fechadas ou fechando”. 

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Fisioterapeuta Delando Breno fala sobre a importância da fisioterapia respiratória após infecção pelo coronavírus. (Foto: Reprodução)

Estudos apontam que um paciente em estado crítico pela covid pode perder de 17% a 30% da massa muscular nos 10 primeiros dias de internação em uma UTI. Por isso, as atividades na fisioterapia incluem desde o uso de um aparelho para trabalhar a musculatura respiratória até atividades físicas leves. 

Um dos aparelhos que têm sido recomendados a pacientes pós-covid é o Respiron, um exercitador respiratório que pode ser encontrado nas farmácias na faixa de R$ 30. O aparelho, inclusive, está em falta em algumas farmácias de Campo Grande. O pneumologista Ronaldo Perches explica que o Respiron é um aparelho que trabalha as inspirações, que são sustentadas pela insuflação dos pulmões. 

“O paciente enche os pulmões de ar e assim os mantém pelo maior tempo que conseguir. Ao inspirar em seu bocal, as bolinhas se movimentam subindo, fornecendo um incentivo visual. As tubulações são projetadas para proporcionar um fluxo diferente e assim incentivar o uso da força muscular respiratória, treinando o sistema respiratório”, explana.

O fisioterapeuta Delando Breno afirma que a fisioterapia respiratória é recomendada logo que o paciente esteja curado da Covid-19. No caso dos exercícios respiratórios, é preciso ter sempre o acompanhamento para quantificar a resistência ideal do aparelho em casa caso.

Com relação ao Respiron, o profissional afirma que o aparelho melhora a performance pulmonar, então pode ser indicado e utilizado em diferentes situações. “Entretanto seu uso se faz necessário da monitorização e indicação de um profissional fisioterapeuta especialista da área de fisioterapia Cardiopulmonar”, conclui o fisioterapeuta.