Um bebê, de apenas dois meses, perdeu a vida tragicamente após ser encontrado entre a cama e a parede do quarto da mãe no último domingo (28), no Carioca, em . O caso gerou muitas opiniões divergentes, até mesmo julgamentos contra a família da criança e o Jornal Midiamax ouviu especialistas sobre os riscos de sufocamento de crianças.

Muitos pais adoram dormir junto dos filhos pequenos, sentir o aconchego do bebê, ou até mesmo deixá-los confortavelmente na cama assim que eles pegam no sono. Há um departamento científico de segurança da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) alertando sobre os acidentes mais comuns em bebês e crianças. Um dos principais é o sufocamento.

Como tornar esse costume de dormir na cama mais seguro?

Segundo a pediatra Amanda Coutinho, deixar o bebê dormir na cama dos pais (cama compartilhada), bem como colocá-lo para dormir sozinho no berço, podem ser práticas igualmente perigosas, caso não sejam seguidas medidas de segurança.

“Colocar o seu bebê para dormir de costas, pois isto ajuda a protegê-lo da Síndrome de Morte Súbita Infantil, e sempre de barriga para cima e não de lado. Escolher um colchão firme, sem cobertores que possam cobrir a cabeça, sem almofadas, e sem bichos de pelúcia. Deixar o ambiente e o bebê fresco, ajustar as roupas para evitar que o ele superaqueça. Já o bebe conforto não deve ser usado para sonecas, nem para dormir”, orienta Amanda.

Com caso recente em MS, risco de sufocamento de bebê é o maior perigo na hora da soneca
Exemplo de “ninho” e “moisés”, respectivamente – Foto: Reprodução

A pediatra faz um alerta sobre os bebês dormirem sozinhos em uma cama de adulto. “Não devem fazer isso. Mesmo nas sonecas! Se você não possui um berço, ou outro lugar seguro para seu bebê, prefira um colchão menor no chão e certifique-se que o ambiente está seguro para o bebê”, afirma.

E as mães?

O Jornal Midiamax também conversou com mães sobre assunto. As opiniões são praticamente as mesmas: elas têm o hábito de deixar os bebês dormirem na cama.

Danusa Rocha, de 40 anos, por exemplo, deixava o pequeno Theo, hoje com oito meses, dormir junto dela na cama quando era menor. “O sono da gente [mãe] fica tão leve que qualquer barulhinho que o neném faz, acordamos”, afirma a profissional de Educação Física.

Com caso recente em MS, risco de sufocamento de bebê é o maior perigo na hora da soneca
Theo, de cinco meses, já tem mobilidade na hora de tirar um cochilo – Foto: Arquivo Pessoal

Com Fernandinha, de 11 meses, caçula da administradora Roberta Maia Magalhães, de 28 anos, não foi diferente. “Na cama só quando alguém está junto”, destaca. “Quando ela nasceu, dormia no ‘moisés' [mini berço], ou no ‘ninho'. Mas eu não saía de perto (…)”, lembra.

Roberta ainda conta que a pediatra da filha a orientou muito sobre a hora de sono da filha. “Ela explicou que quando o bebê não consegue se virar sozinho, ele vira de bruços e não consegue se desvirar, causando o sufocamento”, diz.

Quando o pior acontece…

O sufocamento causado pelos próprios pais pode acontecer durante o sono. A pediatra Karen Kaline já atendeu casos como este. “Já teve casos de óbito porque a mãe, ou o pai, estava cansada (o) e dormiu em cima da criança. Parece que é fora da realidade, que nunca vai acontecer, muita mãe diz ‘se meu filho dá um choro eu já escuto'. Mas realmente existisse. Não é tão fora da realidade assim”, afirma.

“Os pais devem sim ter medo de dormir com a criança. Um minuto, dois minutos podem ter bem perigosos”, sinaliza Karen. Contudo, Karen esclarece que bebês podem dormir no quarto dos pais. “Não é o mesmo que ‘dormir com os pais'. Até os seis meses eles podem dormir no berço ao lado da cama, ou em uma extensão da cama mais abaixo, ou acima. Mas não na cama”, salienta. 

A pediatra indica os recém-nascidos dormirem nos quartos dos pais. “É até melhor! Os pais ficam mais tranquilos. Relatam que ficam olhando o tempo todo, os tranquiliza”, diz.

Karen também propõe o berço ideal para os recém-nascidos: não ter nada no berço, somente uma coberta leve, já que existe o risco de sufocamento. “Eles não têm controle cervical, então podem sufocar com a coberta ou nichos, brinquedos, no rosto”, finaliza.