A cobrança pela nomeação de 2 técnicos de para atenderem os cerca de 1,2 mil mil moradores da Aldeia Tereré resultou em “invasão” da Prefeitura de –a 71 km de Campo Grande– e ganhou cores políticas, com alegações de que a intenção era garantir indicações de um vereador da cidade.

A Polícia Militar precisou ser chamada e, ao final, foi firmado compromisso de enviar os profissionais de Saúde à aldeia –onde vive a primeira sul-mato-grossense que foi imunizada contra o novo coronavírus (Covid-19).

A situação teve início ainda na segunda-feira (25). Conforme narrado pelo Região News, o grupo com cerca de 20 indígenas foi à prefeitura pela manhã. Em pauta, estaria a indicação do presidente da Fundação Municipal Indígena, Josimar Gabriel, indicado por moradores da Reserva Buriti.

Lideranças indígenas do movimento, porém, negaram a intenção, concentrando as cobranças na necessidade dos profissionais de Enfermagem. Eles deixaram ao local após pedido do vereador Otacir Figueiredo (o Gringo, do Progressistas), com o compromisso de que a prefeita interina Vanda Camilo (Progressistas, presidente da Câmara Municipal) os receberia nesta terça. O encontro, inclusive, já estaria agendado.

“Houve a reunião e foi tranquila”, disse a prefeita ao Jornal Midiamax, que atribuiu a tensão a pessoas que vêm incitando conflitos na comunidade indígena. “Ali há 2 grupos e uma cacique que representa a comunidade, eleita. Acho que têm conflitos entre eles, mas não devo pagar o preço disso”, afirmou Vanda, ao confirmar atender a reivindicação para enviar as técnicas de Enfermagem, “indígenas e aldeadas”.

Gringo também confirmou o acordo. “Houve a aceitação da cobrança pela contratação de dois técnicos de Enfermagem”, disse ele, complementando já ter feito pedidos para reforçar as equipes de Saúde da Aldeia Tereré, que há 2 meses aguardam esses profissionais. “Ainda mais em uma situação de pandemia”.

Acusado de pressionar por nomeações na prefeitura, vereador nega intenção

O vereador ainda negou que teria pressionado pela nomeação de 20 integrantes de seu grupo político. “É conversa. Estive lá para tratar de coisas essenciais. O candidato a prefeito em que eu apostei perdeu, então, eu não tenho o que cobrar”, afirmou.

O Progressistas apoiou a candidatura de Enelvo Felini (PSDB), que nas urnas teve menos votos que Daltro Fiúza (MDB) –que teve o registro de candidatura negado e não pode assumir–, mas administra temporariamente Sidrolândia por meio de Vanda.

Uma imagem que circulou em mostrou suposta conversa de Gringo com o ex-vereador David Olindo, que o teria orientado a orquestrar a invasão –o material seria uma montagem, conforme o vereador progressista.

Segundo o vereador, um dos técnicos de Enfermagem solicitados já teria sido admitido nesta tarde. A contratação do segundo deve ser encaminhada em breve.

Ainda conforme Gringo, houve pedido para que os profissionais sejam indígenas como forma de garantir participação dessas populações no poder público em um momento no qual, afirma ele, é preciso respeito.

“Há preconceito em tudo, até na vacina [contra o ] somos vistos como marginais, bicho. É constrangedor. Solicitamos do órgão público mais respeito em relação a isso”, disse, garantindo haver também mão de obra qualificada entre a população indígena. “O hino de Sidrolândia diz que ‘o índio tem mais valor’, mas não vemos isso, somente no período eleitoral”.

Ainda ao Região News, o vice-cacique Ramão Figueiredo disse que, no período eleitoral, todos os candidatos percorreram as aldeias em busca de votos e foram bem recebidos. Assim, é hora de cobrar o que for de interesse da comunidade.

Vanda Camilo complementou que “em nenhum momento” fugiu da agenda, que estava pré-agendada para as 10h. “Não sei porque fizeram isso, mas não trabalho dessa forma, na pressão”, afirmou a prefeitura, que disse ter sido orientada pelo comandante da PM a não comparecer ao local por conta dos ânimos alterados. “Uma pessoa com medo não administra”.