Após alerta de infectologistas, CRM-MS pede que médicos avaliem reduzir corticoides para covid
Infectologistas alertaram sobre o uso abusivo, com risco de ganho de peso, diabetes e hipertensão
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Depois do alerta feito pelos infectologistas a respeito do uso de corticoides no tratamento de pacientes com coronavírus, o CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul) divulgou uma nota informativa com orientações à classe médica. Na nota, o Conselho pede que os profissionais sigam as orientações dadas pela Sims (Sociedade de Infectologia de Mato Grosso do Sul).
Na semana passada, a Sims enviou um ofício ao Conselho, pedindo que a instituição investigue, fiscalize e oriente os médicos sobre o uso indiscriminado de corticoides no tratamento de pacientes com Covid-19. No documento, a entidade alerta que os profissionais infectologistas têm identificado vários casos de uso exagerado dos medicamentos e de consequências negativas nos pacientes.
Diante da preocupação dos infectologistas, o CRM pede que a classe médica siga as orientações da Sociedade de Infectologia. O cortisol é um hormônio esteroide produzido pela glândula adrenal, que está envolvido na resposta fisiológica a situações de estresse, como estresse físico, doenças infecciosas ou estresse emocional. Corticoide é um termo mais amplo que engloba o cortisol e outras formas sintéticas.
No ofício, a Sims alertou sobre os corticoides que, quando utilizados como terapia anti-inflamatória, as doses são no mínimo 4 ou 5 vezes mais elevadas do que as doses de reposição fisiológicas. Neste caso, a entidade orienta os médicos sobre como proceder para evitar problemas nos pacientes.
“Pacientes em uso de prednisona 20 mg por mais de 2 semanas ou prednisona 5 mg por mais de 30 dias não podem suspender o tratamento com corticoide de forma abrupta, em virtude do risco de insuficiência adrenal secundária por supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal”, apontou o ofício.
A Sims orienta que o paciente deve entrar em contato com o seu médico para avaliar a possibilidade e a forma adequada de redução da dose do corticoide. “Caso o paciente em uso crônico de corticoide (prednisona 20 mg por mais de 2 semanas ou prednisona 5 mg por mais de 30 dias, ou outro corticoide em dose equivalente) apresente sintomas de gravidade da Covid-19, a terapia com corticoide não pode ser suspensa de forma abrupta, em virtude do risco já mencionado de insuficiência adrenal secundária. Na impossibilidade de continuar o tratamento com corticoide por via oral em virtude da piora clínica, o paciente deve receber hidrocortisona 100 mg endovenosa e 50 mg endovenosa a cada 6 a 8 horas, conforme recomendação da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)”, disse, em nota.
Uso de corticoides preocupa infectologistas
Na fundamentação do ofício, o Sims admite a importância dos corticoides em casos graves de Covid, inclusive com estudos que corroboram para essa medida, mas pondera que o erro está justamente em não seguir os protocolos baseados nesses estudos.
“Temos observado em nossa rotina assistencial diária a prescrição por colegas de doses suprafisiológicas em demasia, o que nos traz profunda preocupação, devido aos efeitos adversos importantes: ganho ponderal, diabetes, hipertensão, e, principalmente, a ocorrência de infecções oportunistas”, afirma um trecho do ofício.
A desinformação também leva muitas pessoas à automedicação. “Médicos e supostos médicos fazem vídeos justamente nesse contexto errado do uso dos corticoides e isso leva várias pessoas a tomarem os medicamentos por conta própria”, ressaltou a presidente da entidade.
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