O aparecimento de serpentes peçonhetas na região do Bairro União, em Campo Grande, podem ter sido causadas pela perda de habitat dos répteis causado por queimadas, por exemplo, que afungentam os animais para a áreas habitadas, principalmente em áreas cercadas por vegetação. Moradores da região alertaram sobre o aparecimento das cobras venenosas

“Agora estamos entrando numa época mais fresca. Elas costumam ser mais ativas no calor, pois são animais ‘de sangue frio' como alguns dizem, elas precisam absorver calor pra se aquecer. Então não tem a ver com a atividade normal delas, eu suponho que seja por perda de habitat. As queimadas e perda de habitat são ótimos palpites”, explicou o pesquisador Roullien Henrique, que trabalha com serpentes e outros animais peçonhetos, ao Jornal Midiamax.

Segundo ele, os incidentes com serpentes são maiores no começo e fim do ano, com tendência a abaixar no meio do ano, justamente por conta da temperatura. Na Capital é comum o aparecimento da Urutu Cruzeiro, citada pelos moradores, e a Caiçaca. Ambas são parentes próximas e peçonhentas.

“Essas serpentes do gênero Bothrops são popularmente conhecidas como jararacas, muito comum acidentes com elas”, disse à reportagem.

Serpentes, maioria da espécie Urutu Cruzeiro, apareceram na região do Bairro União (Fotos: Reprodução/ Redes Sociais)

 

Como agir ao se deparar com uma serpente?

Conforme Henrique, caso encontre uma em casa, é recomendado afastar as crianças e animais de estimação animal e ligar para PMA (Polícia Militar Ambiental). É necessário manter-ser afastado e ficar de olho no animal até a chegada da equipe. 

“Quando se sentem ameaçadas geralmente elas ficam enroladas prontas para dar o bote, mas nunca vão sair do lugar delas para ir atrás de alguém, elas são defensivas. Basta não se aproximar”, explicou ele, complementando que o bote das cobras é geralmente 1/3 do corpo dele, com exceção de cascavéis, que podem ter um bote maior. 

“De qualquer forma, é bem visível a distância segura que tem que se tomar delas. E em hipótese alguma pegar o bicho com a mão”, opinou. “Chame as autoridades para recolher o animal e não o mate, pois gostando ou não, eles fazem um controle incrível de roedores e outras pragas que transmitem doenças e destroem plantações”, disse Roullien ao Jornal Midiamax.

Como evitar a ‘invasão'?

1º – manter o local bem limpo, livre de entulho, pois isso permite que elas se escondam e também atraem roedores para o local, que são as principais presas das cobras;

2º – quando for sair ou andar pelo mato, utilizar proteção e olhar bem os lugares por onde anda;

3º – Olhar onde as crianças brincam e orientar elas, pois tem criança que pode acabar querendo “brincar” com o bicho por não saber se tratar de um animal perigoso. 

O que fazer se for picado por uma cobra?

Henrique orienta que a pessoa que for picada apenas lave o local. “Não faça torniquete ou corte, nem nada assim, pois isso atrapalha a penetração do soro antiofídico nos tecidos e pode gerar danos maiores como infecções. Só lavar e ir ao hospital”, recomendou. 

“Também não tentar levar a serpente, pois isso pode gerar outro acidente e agravar. No máximo tirar uma foto. De toda forma, na ausência do bicho o médico vai tratar a pessoa pelos sintomas e aplicar o soro correspondente”, explicou ele à reportagem.

Segundo Roullien, a maioria dos acidentes acontecem quando as pessoas andam pelo mato e acabam pisando ou passando muito perto do animal e até quando tentam pegá-los. “Bom lembrar que caso for mordido, não precisa entrar em pânico, pois a mortalidade dos acidentes com serpentes é baixo com os tratamentos que temos hoje”, contou. 

No caso de um ataque, há também, de acordo com Roullien, a chance de acontecer o chamado “bote seco”, quando a cobra morde, mas não injeta veneno. “O veneno é importante para alimentação delas e elas evitam gastar, então as vezes mordem só para assustar”, finalizou.

*Matéria alterada às 15h43 de 28/04/2021 para correção de informação.