Contagem feita pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) aponta que, no fim da tarde desta quinta-feira (30), 82% de todos os leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) contratados pela Prefeitura de estavam ocupados –8 em cada 10, em uma aproximação que permite ilustrar a preocupação de que, em alguns dias, pode-se atingir a saturação do sistema graças à pressão causada pelo novo coronavírus (Covid-19) e da falta de mais vagas na rede privada.

Em tal patamar, não importará quanto dinheiro exista nos cofres públicos para se tentar adquirir leitos emergencialmente, porque eles simplesmente não vão existir. Isso porque, se o sistema conveniado ao poder público se mostra quase lotado, na rede privada a existência de vagas começa a se tornar cada vez mais rara.

Dos 274 leitos das redes pública e privada contratados pelo município, 226 estavam ocupados por volta das 16h de quinta-feira. A conta inclui não apenas pacientes com coronavírus, mas aqueles que passaram por procedimentos de emergência, enfrentam outros problemas de saúde ou são vítimas de acidentes diversos.

Dizer que ainda há leitos de UTI, mesmo que na rede privada, cria a expectativa de que outras vagas poderiam ser adquiridas caso o sistema público fique sobrecarregado –como já ficou nos últimos dias. Para se ter uma ideia, das 232 vagas em hospitais públicos, isto é, incluídos no SUS, 209 estavam ocupadas (taxa de 90%).

Contudo, hospitais particulares enfrentam lotação semelhante. Um exemplo é o Hospital da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores de Mato Grosso do Sul), focado apenas no funcionalismo estadual e de poderes como o Legislativo e Judiciário. Na tarde de ontem, a taxa de ocupação em leitos de UTI para Covid-19 era de 92% (24 de 26 leitos), frente aos 88% de outras patologias (15 de 17, sendo que 3 se valiam de ventilação mecânica).

Nas enfermarias para pacientes com coronavírus, das taxas de ocupação eram de 83% (20 de 24 leitos) e de 58% (14 de 24). Um paciente que havia testado negativo em um primeiro exame para Covid-19 foi mantido por precaução em enfermaria.

O Hospital da Cassems, por ser um plano de saúde de autogestão com 207 mil beneficiários ligados ao funcionalismo público, não oferece vagas para outros sistemas de Saúde, sejam públicos ou privados.

O quadro é semelhante ao relatado no Hospital , também exclusivo para o plano de saúde. A unidade de Campo Grande mantém 3 UTIs, com 10 leitos cada, para pacientes de Covid-19. Uma delas tinha ocupação máxima e duas já somavam 8 pacientes cada na tarde desta quinta-feira.

Já a UTI Geral, com 6 leitos, tinha 5 ocupados, um número bem menor e que sustenta a pressão que o coronavírus aplica sobre o sistema de Saúde. Nos leitos de pronto-atendimento para doenças respiratórias, 3 das 8 vagas estavam ocupadas, o mesmo ocorrendo com 19 dos 25 leitos cirúrgicos e 15 dos 21 clínicos e gerais. Entre as 42 vagas para pacientes de Covid-19, 29 eram usadas.

Lotação causada pela Covid-19 se repete em hospitais que têm contrato com a Prefeitura de Campo Grande

Outros hospitais e entidades filantrópicas que mantêm relação com o sistema público relataram situação similar. Na Santa Casa de Campo Grande, maior hospital público de Mato Grosso do Sul, há 90 leitos de UTI adulto, sendo que 10 são para Covid-19 (instalados na Unidade do Trauma, isolada dos demais pacientes). Destes, a ocupação ontem chegou a 100% em uma situação contínua –isto é, ocupados a todo o momento.

Já em relação aos leitos para pacientes sem a Covid-19, a taxa de ocupação chegou a 95% –76 de 80 leitos. A Santa Casa ainda mantém 16 leitos de enfermaria para tratamento de pacientes com coronavírus, dos quais 4 estavam ocupados com casos suspeitos e 5 com confirmados.

Recentemente, o fechou contrato com a Prefeitura de Campo Grande para abrir 7 leitos de UTI para o sistema público no município. A unidade mantém 10 leitos para pacientes de coronavírus, sendo que todos estavam ocupados –5 deles por pacientes do município. Já as UTIs para pacientes que não tem o coronavírus, com 10 vagas, tinha 7 usadas à tarde –pela manhã, eram 9.

Quanto aos leitos clínicos de Covid-19, dos 31 existentes, 10 estavam ocupados (2 deles por pacientes do SUS).

O município também adquiriu leitos no Proncor (20 UTIs, das quais 3 estavam ocupadas, taxa de 15%), Clínica Campo Grande (10 vagas, 4 usadas, taxa de 40%) e na unidade da saída para Sidrolândia do Hospital do Pênfigo (todas as 5 UTIs estavam ocupadas na tarde de ontem). A reportagem não conseguiu contatar a assessoria desses hospitais para obter um quadro exato de sua taxa de ocupação total de terapia intensiva.

‘Retaguarda’, Hospital de Câncer tinha lotação máxima dos leitos contratados pelo município

A atenção dada à rede privada se torna importante a partir do momento em que o sistema público enfrenta sobrecarga. Na tarde de ontem, os 18 leitos de UTI de retaguarda –que só deveriam entrar em uso após a ocupação na rede pública chegar ao máximo– montados no Hospital de Câncer estavam ocupados.

A unidade não tinha previsão para a abertura de novas vagas para pacientes que não sejam de oncologia –a taxa de ocupação era de 60% para a especialidade (6 dos 10 disponíveis, totalizando 28 vagas de terapia intensiva na unidade).

Referência para tratamento de coronavírus na macrorregião de Campo Grande, com todos os seus leitos convertidos para pacientes de Covid-19, o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) teve uma ligeira melhora na ocupação na tarde desta quinta-feira: dentre os 91 leitos de UTI, 80 eram usados (taxa de 88%). Pela manhã, eram 85 vagas em uso (93%).

O Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, por seu turno, tinha 100% de suas 26 UTIs utilizadas na tarde desta quinta-feira, independentemente de serem pacientes de coronavírus ou não –o hospital recebeu recentemente 10 leitos do tipo exclusivamente para prestar auxílio durante a .

(Matéria editada às 10h30 para correção da ocupação de UTIs da Unimed // EA)