Famílias de favela da Lagoa pedem ajuda para enfrentar frio e não têm nem água potável
Aproximadamente 98 famílias vivem ‘isoladas’ no corredor próximo à rua Sebastião Ferreira, no bairro Jardim Colorado. A comunidade da Lagoa não tem acesso a água potável, coleta de lixo, energia elétrica e quem vive ali já se ‘acostumou’ com o mal cheiro do esgoto a céu aberto, mas pedem ajuda para enfrentar os dias frios […]
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Aproximadamente 98 famílias vivem ‘isoladas’ no corredor próximo à rua Sebastião Ferreira, no bairro Jardim Colorado. A comunidade da Lagoa não tem acesso a água potável, coleta de lixo, energia elétrica e quem vive ali já se ‘acostumou’ com o mal cheiro do esgoto a céu aberto, mas pedem ajuda para enfrentar os dias frios que acontecem em Campo Grande.
Ainda faltam 12 dias para o começo oficial do Inverno, mas o Outono já deixou claro que o período será rigoroso em Mato Grosso do Sul, e para quem está vivendo em situação de vulnerabilidade social, o sofrimento só aumenta.
Representante das famílias, Débora Cristina, 24 anos, foi quem pediu ajuda no Jornal Midiamax. Ela relata que vive no local há 10 anos junto com o marido e dois filhos – uma menina de 6 anos e um menino de 3 – e para evitar passar frio, a família tem dividido a mesma cama.
“A gente nem aparece no mapa, estou aqui há 10 anos e vivemos nessa situação sem acesso a nada. Estou a 40 metros do córrego e quando chove a água ainda vem até a porta de casa, preciso ficar trancada com as crianças esperando passar”, detalha.
Por causa da pandemia do coronavírus, Débora conta que o marido – servente de pedreiro – já foi avisado que será mandado embora e por isso a situação da família deve piorar.
“A gente aqui na comunidade precisa de ajudar para o frio. Precisamos de coberta, agasalho, sapato, é isso mais urgente”, explica.
Sem acesso a água trata
Segundo Rosana do Amaral, 42 anos, os moradores da comunidade dependem de uma mina para ter acesso a água, mas quando chovem ficam à mercê da água com lama e gosto de ferrugem.
“As crianças daqui vivem com problema de estômago e diarreia por causa dessa água. Direto tem que ir para o posto”, conta.
No barraco de lona Rosana mora com o marido e três filhos, que foram mandados para a casa do pai após uma enxurrada atingir o local.
“Desceu a enxurrada na última chuva alagou tudo porque meu teto é furado, queimou geladeira. As roupas, cobertor, sofá tudo ficou molhado”, diz.
A família foi parar no local, após Rosana perder o emprego por causa de uma bronquite asmática. “A gente não tinha mais condições de pagar o aluguel. Agora trabalhamos com recicláveis eu e meu marido, mas o que a gente ganha mal dá para comprar comida”, explica
Ao lado do esgoto
Além de todos os problemas, as famílias também convivem com o mal cheiro de um esgoto a céu aberto. Patricia Arce, 28 anos, mora com o marido e os seus filhos – mais velho de 12 anos e mais novo de 1 – há quatro anos no local, e relata que além de enfrentar o frio e a falta água, o mal cheiro do esgoto só piora a situação.
“Meu filho mais novo tem problema de bronquite e essa situação só piora a doença. A gente não consegue medicamento porque vai no posto e ficam jogando de um lado para outro, acabo que desisto”, desabafa.
Situação parecida com a de Rosemeire Rodrigues, 39 anos. Impossibilitada de trabalhar por ser portadora da doença do Pênfigo – uma doença autoimune que forma bolhas pelo corpo – ela vive do Vale Renda, mas conta que o dinheiro só dá para pagar os custos com remédios.
“Como a gente está em área invadida é difícil conseguir remédio, então meu benefício vai para comprar remédio. Além disso tem meu pai aqui com 64 anos, ele é cardíaco, renal crônico e tem problema na vesícula. Mas cortaram o benefício que ele recebia do governo e tá na fila a espera de cirurgia”, explica.
No barraco, além de Rosemeire e o pai, também vivem a mãe, a irmã e o marido da mulher. “Aqui só quem faz pequenos bicos é o meu marido que é servente, mas a pandemia diminuiu muito os trabalhos. Precisamos muito de cobertores e roupas de frio, isso já ajuda nesse momento”, completa.
Ajuda
Quem quiser ajudar as famílias da comunidade pode entrar em contato com a Débora Cristina através do telefone (67) 99218-3582.
Prefeitura
Ao Jornal Midiamax a Prefeitura que a área invadida é uma APP (Área de preservação permanente), portanto, não há projeto de regularização fundiária.
* Matéria editada dia 9/6/2020 às 8h50 para acréscimo de resposta.
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