Censurado, outdoor anti-bolsonarista amanhece com frase por liberdade de expressão
O outdoor localizado na entrada de São Gabriel do Oeste, que sofreu censura após erguer mensagem anti-bolsonarista no início da semana, amanheceu com nova mensagem nesta sexta-feira (18): o artigo 5º da Constituição Federal, que dispõe sobre a liberdade de expressão no Brasil. A substituição da mensagem foi a estratégia encontrada por integrantes de um […]
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O outdoor localizado na entrada de São Gabriel do Oeste, que sofreu censura após erguer mensagem anti-bolsonarista no início da semana, amanheceu com nova mensagem nesta sexta-feira (18): o artigo 5º da Constituição Federal, que dispõe sobre a liberdade de expressão no Brasil.
A substituição da mensagem foi a estratégia encontrada por integrantes de um grupo pró-democracia da cidade, como resposta à censura sofrida no último dia 15: naquela terça-feira, o anuncio causou celeuma na cidade, que fica a cerca de 130 km de Campo Grande. Houve, inclusive, ameaça de derrubar o dispositivo “na força”, usando uma serra elétrica – o que fez com que a empresa responsável cobrisse o anúncio com uma lona preta.
De acordo com o advogado Ailto Roberson Seibert, que integra o grupo Juristas pela Democracia e um dos que patrocinou o anúncio, o ato de censura e a intimidação feita por parte dos moradores da cidade é sintomático da falta de diálogo. Por isso, o grupo viu a necessidade de apontar o que diz a lei.
“Colocamos hoje e resolvemos, diante de todos os fatos, partir para um aviso que está na Lei Constitucional, que é é a livre liberdade de expressão. Enfim, vamos ter que ensinar primeiro para a população de São Gabriel o que é Direito Constitucional, um direito fundamental da pessoa humana, esculpida na lei maior do país, para depois poder se expressar livremente”, detalhou o advogado.
Temor e ameaças
A censura do outdoor com lona preta provocou clima tenso em São Gabriel. Nas redes sociais de moradores da cidade, mensagem de apoio e contrárias à tentativa de intimidação ganharam as redes sociais e deixaram claro que, na cidade, que existe forte polarização. A situação, porém, não assustou o advogado.
“Não me sinto assustado nem um pouco com isso, estou acostumado. O que me deixou realmente amedrontado foi por relatos de ameaças a terceiros. O dono do outdoor chegou até a mim com a voz embargada, explicando que estava havendo ameaças à família dele, que nunca havia sofrido nada parecido. E olha que ele é bolsonarista declarado”, detalhou o advogado.
“Eles [opositores] não querem saber, acharam que o dono estava junto com a gente. Parece que não pode ter opinião crítica, mesmo que tenha sido a favor. Isso, sim, nos assusta num país democrático”, acrescentou.
Ailto descreveu que um dos problemas atribuído à manifestação do grupo esteve no uso do nome da cidade. “Não gostaram, mesmo que tivesse outros 4 ou 5 anúncios apoiando o presidente e que também usaram o nome da cidade, dizendo que a cidade estava 100% fechada com Bolsonaro, e não está”, disse.
De fato, o placar eleitoral deu cerca de 55% dos votos válidos a Bolsonaro no 2º turno, enquanto o segundo candidato, Fernando Haddad (PT), ficou com 45%. “E atualmente esse apoio já não é majoritário como se pensa. A situação que tem aí é que um grupo simplesmente não aceita contraditório. Isso não é democrático”, conclui.
Outros casos
Somente nos últimos três meses, outros dois casos de vandalismo em outdoors pró e contra Jair Bolsonaro foram registrados em Mato Grosso do Sul. Três outdoors com mensagens contra o presidente e políticas adotadas pelo governo no enfrentamento à pandemia foram derrubados em Corumbá, distante 444 quilômetros de Campo Grande. O ato aconteceu no dia 15 de agosto, poucos dias antes do presidente da República visitar a cidade.
Nas imagens dos outdoors é possível ver uma foto feita por computador com Bolsonaro sendo associado a um ceifeiro, escrito ao lado “a morte não pode governar o Brasil. Fora Bolsonaro”.
Em Naviraí, cidade que fica a 359 quilômetros de Campo Grande, um outdoor danificado acabou virando caso de polícia em 23 de julho. O outdoor teria sido colocado por produtores rurais, em agradecimento a Jair Bolsonaro, e foi rasgado.
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