O Governo de aumentou para 30% o ICMS da gasolina e estabeleceu o imposto de 20% sobre o álcool como uma forma de fomentar o consumo do combustível no estado. Nas bombas, a ficou mais cara, assim como o etanol. Ou seja, motoristas ainda não consideram o álcool na hora de abastecer.

‘Não compensa': Caro e menos eficiente, etanol não empolga motoristas em MS
Confira preços em um posto da Capital nesta quinta-feira. (Foto: Marcos Ermínio)

A autônoma Daiane Martins, de 26 anos, diz que já tentou utilizar o etanol como combustível no carro, mas no final, a experiência não deu certo e ela teve que voltar para a gasolina. “A gasolina está muito cara, mas ainda compensa mais. Já tentei usar álcool, mas acabava rápido demais, eu tinha que abastecer mais vezes e no final do mês dava a mesma coisa ou até mais caro”, explica.

No posto onde Daiane abasteceu nesta manhã, a gasolina custava R$ 4,34 enquanto o etanol estava a R$ 3,58, ou seja, o etanol custa 82,5% o valor da gasolina. Mesmo com ‘incentivo' do Governo, o preço do etanol ainda está muito acima do ideal, que é de 70% o valor da gasolina. Para compensar para os consumidores, o preço do álcool neste estabelecimento deveria ser de R$ 3,03 o litro.

O pastor Amilton Vieira da Cruz, de 36 anos, também já fez a experiência de encher o tanque com o álcool. O resultado não foi o que ele esperava. “A impressão era de que o carro bebeu o etanol, tive que vir mais vezes ao posto. É uma sensação de que você está pagando mais barato, mas para quem faz as contas, não vale a pena”, ressalta.

‘Não compensa': Caro e menos eficiente, etanol não empolga motoristas em MS
José usava gasolina, mas está fazendo experiência com uso do etanol. (Foto: Marcos Ermínio)

O ‘do contra' foi o motorista de aplicativo José dos Santos Neto, de 24 anos. Depois do aumento de impostos promovido pelo governador (PSDB), ele resolveu experimentar o uso do etanol. “Desde aquele aumento, eu comecei a usar mais o etanol, eu uso muito o carro porque rodo a cidade trabalhando. Eu acho que não faz tanta diferença, usar gasolina ou álcool”.

O frentista André Conceição de Souza, de 33 anos, explica que o posto onde trabalha recebe muitos clientes que são motoristas de aplicativo. Ele afirma que eles são os únicos que tem optado por abastecer com etanol. “Acho que é uma estratégia entre eles. Utilizando mais o etanol, eles vão estimular esse mercado. Eles acreditam que, assim, o preço do álcool diminua mais um pouco”, explica.

‘Não compensa': Caro e menos eficiente, etanol não empolga motoristas em MS
André explica que os motoristas de aplicativo têm optado pelo etanol. (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

André ainda diz que os preços pelo aplicativo do posto onde trabalha são mais baixos. “Esses motoristas usam o aplicativo da rede. Lá, o etanol está mais barato, então se aproxima do ideal. Acredito que pelo aplicativo o etanol custa entre 72% e 73% do preço da gasolina”, pontua.

Alexander Oliveira de Souza, de 44 anos, é frentista de outro posto e afirma que o etanol só tem compensado para quem vai viajar. “Ainda não é vantajoso. Alguns clientes abastecem o etanol, mas a maioria ainda prefere a gasolina. Não vale a pena por que tem muito cruzamento na cidade, tem que parar toda hora e acaba gastando mais. Só vale a pena na estrada”, pontua.

Como saber se compensa?

Para saber se compensa abastecer com etanol ou gasolina, a conta é simples. O etanol só é vantajoso quando custa até 70% o valor da gasolina. Isso acontece justamente porque o etanol tem em média 70% do desempenho da gasolina.

O mecânico Jorge Novaes, de 39 anos, é dono de uma oficina em e confirma que o único jeito de saber qual o combustível mais vantajoso é fazendo o cálculo de 70%. Ele explica que o motorista tem o hábito de abastecer com a gasolina porque acaba saindo mais barato, mas que no longo prazo, não é tão vantajoso para o veículo.

‘Não compensa': Caro e menos eficiente, etanol não empolga motoristas em MS
Mecânico explica por que motorista ainda prefere a gasolina. (Foto: Marcos Ermínio)

“A gasolina acaba criando uma espécie de ‘borra' dentro do motor, que começa a trancar a lubrificação. Se o motorista não troca o óleo, vai contaminando por dentro. O álcool consome mais, mas ele acaba contaminando menos o motor”, diz.

Já que o motorista ainda prefere a gasolina, o mecânico dá algumas dicas para evitar o consumo excessivo de combustível. “Mantenha o pneu sempre calibrado, o carro alinhado, faça sempre a revisão do veículo e ande devagar. Para quem dirige devagar, o consumo é menor e também há um menor desgaste do carro”, recomenda.