Moradores de condomínio se unem para alimentar animais em área de mata em Campo Grande

Com a seca e o desmatamento que avança na área urbana, alguns animais têm tido dificuldades para encontrar alimento em Campo Grande. Pensando nisso, moradores de um condomínio da Capital resolveram se unir para alimentar os animais de uma área de mata próxima, no bairro Vilas Boas. Moradores fizeram até um cocho para colocar frutas […]

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Com a seca e o desmatamento que avança na área urbana, alguns animais têm tido dificuldades para encontrar alimento em Campo Grande. Pensando nisso, moradores de um condomínio da Capital resolveram se unir para alimentar os animais de uma área de mata próxima, no bairro Vilas Boas. Moradores fizeram até um cocho para colocar frutas e verduras para os macacos, pássaros, tatus e capivaras.

A moradora Fátima Silva, que vive no condomínio, contou que a necessidade de ajudar os animais veio após a crescente aparição dos bichos nas proximidades das casas. 

“Duas vizinhas e eu moramos bem do lado da reserva e por causa dessa seca, os animais tem aparecido atrás de comida e água. Nós temos colocado algumas frutas para eles, mas precisamos de alguma orientação de um biólogo para envolver todo o condomínio e tirar algumas dúvidas sobre o que dar para eles comerem”, disse.

Segundo ela, na região tem aparecido capivaras, cutia, tatus e teiús. Com a ajuda de um biólogo, será possível identificar qual o melhor alimento fornecer e como criar um projeto para que todos os moradores das 50 casas do condomínio participem.

“A ideia é conseguir uma orientação e envolver os moradores para ajudar. Por enquanto estamos dando cascas de frutas, algumas frutas e repolho, mas precisa ser algo mais organizado”, comentou Fátima. Um vizinho até se mobilizou e fabricou cochos para colocar os alimentos aos animais.

Como ajudar os animais na cidade? 

Para quem quer ajudar os animais que vivem no perímetro urbano de Campo Grande, moradores podem levar alimentos. Porém, é preciso ficar atento para não acabar interferindo na fauna de maneira equivocada. Uma dica importante é levar alimentos que possam ser encontrados na natureza, como frutas e verduras.

O biológo José Milton Longo alerta que não se deve alimentar os animais com comida humana, ou seja, nada de levar o resto do almoço ou do jantar para os macacos ou passarinhos da mata. “Não dê nada processado, nada de comida humana. Já fizeram isso com os macaquinhos do [córrego] Bálsamo, isso altera o comportamento, a regulação hormonal, não faz parte deles. Bom é levar frutas, verduras e legumes”, orienta.

Mas, afinal, alimentar os animais na cidade é bom para eles? O biológo explica que sim, a iniciativa pode ajudar na sobrevivência dos animais. “É bacana, é momento de escassez, as matas estão diminuindo e é um recurso que pode sustentar essa fauna urbana. Os únicos locais de mata que temos hoje são manchas, parques urbanos e alguns córregos que cortam a cidade, que ainda têm um pouco de mata ciliar”.

Outra dica é colocar os alimentos no chão e suspensos, que integrem na paisagem. Assim, animais que vivem nas árvores não precisam descer para ter acesso ao alimento, correndo risco de serem atacados por animais carnívoros que vivem no chão ou até mesmo cães e gatos que podem estar na região. 

O biólogo explica que apesar da iniciativa ajudar os animais em um período de escassez, é preciso pensar a longo prazo. “Eles podem acabar se acostumando com o alimento fácil. Para manter nossa fauna próxima, é aceitável alimentar animais em um momento de escassez. Depois de estabilizar, o melhor não seria fazer isso, mas sim reflorestar árvores frutíferas, para que eles mesmos possam se alimentar o ano todo”, conclui.

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