O grupo de cerca de 40 bolivianos que, na sexta-feira (12), foi apreendido na região do Assentamento Urucum, a 20 km de Corumbá –a 419 km de Campo Grande–, conseguiu atravessar a fronteira com o país vizinho, mas ainda aguarda para seguir viagem. Eles haviam deixado São Paulo em uma van e foram localizados após denúncia anônima.

Conforme o Diário Corumbaense, depois de passar o final de semana na ponte da linha internacional que divide Brasil e Bolívia, o grupo de homens, mulheres e crianças foi autorizado a entrar em território boliviano. Contudo, devem ficar no local aguardando decisão federal para seguirem até suas cidades de origem.

Equipe formada pela Coordenadoria de Fiscalização de Posturas, Guarda Municipal de Corumbá, Agetrat (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e Polícia Militar flagrou o grupo desembarcando de maneira irregular no assentamento Urucum, às margens da BR-262. O embarque e desembarque de passageiros em Corumbá está proibido.

Eles permaneceram três noites na fronteira e foram recebidos pelos comandantes da Armada Boliviana, André Carlos Peredo Flores, e Polícia da Bolívia, Fernando Pelaez, a manhã desta segunda-feira (15). Só então foram autorizados a entrar o país, sendo levados a uma estrutura onde aguardarão a liberação.

Pelaez salientou que o grupo viajou de forma irregular, sem cumprir requisitos para entrar a Bolívia seguindo decreto da presidente Jeanine Ãnez que fechou as fronteiras.

“Todas as pessoas devem cumprir o que está estabelecido no decreto, como portar o certificado de que não estão infectados pela Covid-19, documentação regular mediante o Consulado e o passaporte correspondente para que sejam apesentados ao setor de Migração, aqui na fronteira. Uma vez apresentados esses documentos, eles vão passar pelos protocolos de saúde também”, explicou o comandante.

Boliviana diz que ficou 3 dias sem comer ou tomar banho

Depois de autorizados a entrarem no país, eles deverão cumprir quarentena de 14 dias em Puerto Suárez –cidade vizinha a Corumbá. As fronteiras entre os países seguem fechadas desde março, quando começaram a surgir casos de coronavírus na região.

Na Bolívia, as regras de quarentena foram mais rigorosas, sendo estabelecido dias para que as pessoas pudessem sair de casa. A entrada de bolivianos que viviam em outros países só é autorizada com documentação. O transporte de cargas só foi liberado para evitar o desabastecimento.

Marta Duran, uma das retidas, protestou. Ela disse que foi dispensada do trabalho em São Paulo e tentava chegar em Cochabamba.

“Estou com meu filho de 11 meses, ele está sem tomar banho há 3 dias, assim, como eu. Não comemos todos esses dias desde que saímos de São Paulo. Só queria entrar no meu país. É muito triste tudo isso que estamos enfrentando. Fora o frio que passamos nessas noites e a forma como dormimos, em cima do asfalto. Precisamos que as autoridades façam algo por nós logo”, afirmou Marta.

Ismael Vargas pedia uma “resposta urgente” para a situação e afirmou não ter recebido apoio dos consulados da Bolívia. “É uma situação de tristeza chegar em seu país e não poder entrar. Me dá uma dor no coração. Que essa resposta autorizando a nossa entrada saia logo”.