A reabertura gradual de várias atividades que haviam sido suspensas por conta da pandemia de coronavírus (Covid-19) vem acontecendo desde abril em Campo Grande. Outras como aulas em escolas particulares estão previstas para retornar em julho. As decisões são baseadas em um plano de diretrizes para enfrentamento da Covid-19 elaborado pela prefeitura.

Para o infectologista Júlio Croda, que fez parte da equipe do Ministério da Saúde até março deste ano, esse retorno deve ser feito de forma planejada. “Não vejo problema, mas depende da velocidade de crescimento no número de casos semanais e da capacidade de leitos UTI”, avalia.
Ainda conforme Croda, se tivermos um cenário de aumento acelerado dos casos, será necessário avaliar o fechamento do comércio para conter o avanço e, principalmente, não comprometer a capacidade de atendimento aos contaminados.
O especialista cita Dourados como exemplo de município que deve rever medidas de contenção ao vírus. “O fechamento depende desses indicadores [aumento no número de casos e ocupação de leitos UTI], em Dourados tem indicação de fechar o comércio. Aumentou o número de casos e não teve capacidade de isolar corretamente [os infectados]. Se não fechar pode acabar os leitos de UTI disponíveis”, pontua.
Fiscalização
Para garantir que os estabelecimentos estejam cumprindo o plano de biossegurança, a prefeitura realiza fiscalização nos locais. Em nota, a assessoria de comunicação do município informou que entre 19 de março e 8 de junho recebeu 3.295 denúncias de descumprimento das medidas de segurança no comércio. Desse total, 55 resultaram em infração.
Regras
De acordo com o plano de diretrizes para enfrentamento da Covid-19, elaborado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur), para a avaliação de reabertura, são analisadas situações como possibilidade de desinfecção de superfícies e quantidade máxima de pessoas dentro do estabelecimento mantendo o distanciamento mínimo.
Relaxamento do isolamento
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) publicou nota técnica nesta semana sobre relaxamento do isolamento social. O instituto avalia que, com o retorno gradual das atividades e consequente aumento no fluxo de pessoas nas ruas, deverá haver monitoramento para que sejam tomadas as corretas ações para que não haja um colapso na infraestrutura da saúde.
Uma das preocupações desse estudo é referente à capacidade de atendimento do sistema de saúde. A circulação de pessoas entre cidades pode aumentar número de municípios com infectados e isso pode afetar a disponibilidade de leitos, principalmente, nos municípios maiores, que recebem esses pacientes do interior.
A nota aponta que as medidas de isolamento adotadas pelos municípios maiores, como foi o caso de Campo Grande, retardou o aumento de casos. A preocupação dos pesquisadores da Fiocruz é com o aumento de casos no interior, como está acontecendo em Dourados. Pacientes de cidades menores e sem estrutura estão migrando para atendimento em cidades maiores, o que pode sobrecarregar o sistema de saúde.