Cidade que obriga quarentena a visitantes aguarda resposta sobre morte por coronavírus

Os cerca de 7,6 mil habitantes de Pedro Gomes –a 308 km de Campo Grande– viviam até esta segunda-feira (11) na certeza de estarem em uma “ilha” em relação ao novo coronavírus (Covid-19): rodeada por municípios como Sonora, Coxim e Alcinópolis, a cidade no norte do Estado ainda não registrou nenhum caso da doença. Algo […]

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Os cerca de 7,6 mil habitantes de Pedro Gomes –a 308 km de Campo Grande– viviam até esta segunda-feira (11) na certeza de estarem em uma “ilha” em relação ao novo coronavírus (Covid-19): rodeada por municípios como Sonora, Coxim e Alcinópolis, a cidade no norte do Estado ainda não registrou nenhum caso da doença. Algo que pode mudar próximas horas, mesmo diante de medidas radicais que incluem barreiras sanitárias e isolamento automático de até 14 dias a quem chega ao município.

Na madrugada desta segunda-feira, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou a morte de um homem que deu entrada no hospital da cidade com sintomas de Covid-19. O paciente, de 39 anos, fazia hemodiálise e já teria antecedentes de outros problemas de saúde, conforme explicou ao Jornal Midiamax o prefeito Willian Fontoura (PSDB).

Foi iniciada transferência do paciente para o Hospital Regional de Campo Grande, contudo, ele não resistiu e faleceu em Coxim –onde foi feita a coleta de material para exame no Lacen (Laboratório Central) da Capital, que deve se posicionar até terça-feira (12) sobre o quadro de saúde do homem.

“Os familiares e outras pessoas que tiveram contato com o paciente estão sendo rastreados e deverão permanecer em isolamento domiciliar”, informou nota assinada pela secretária de Saúde de Pedro Gomes, Sandra Tereza Bedin Garcia, apontando que eles serão monitorados pela equipe local “até que seja divulgado o resultado do exame”.

Precaução

O prefeito disse que o paciente chegou com sintomas de falta de ar ao hospital, contudo, diante do histórico do homem, não acredita se tratar de um caso de coronavírus. “Acontece que este é o protocolo hoje: se a pessoa está gripada é feita a averiguação, para ver se é procedente. Infelizmente ele veio a óbito e estamos aguardando” disse Fontoura.

Ainda segundo ele, o paciente fazia hemodiálise duas vezes por semana em Campo Grande. “Preferimos pecar pelo excesso de zelo, pois todo o cuidado é pouco”, alertou.

“Cuidado”, no caso, envolve uma série de ações que Pedro Gomes adotou para evitar casos de Covid-19. Sonora –que já foi distrito do município– é o sexto em casos no Estado, com 13 pacientes. As divisas ainda incluem Coxim, com quatro pacientes, e Alcinópolis, com um. A vizinha Alto Araguaia (MT) segue sem casos até aqui.

Para evitar a contaminação, a prefeitura anunciou medidas de isolamento que incluem o toque de recolher, das 21h às 5h, e a instalação de barreiras sanitárias na MS-215 (entrada da cidade) e na PG-03 (que dá acesso a Sonora) onde quem chega à cidade é identificado e orientado para entrar voluntariamente em quarentena.

“Muitas pessoas foram para outra cidade, por exemplo, para estudar, e voltam para a casa dos pais porque estão sem aulas. Eles automaticamente têm de ficar isolados. Se vier de um local sem casos, a quarentena é de 7 dias. Se for de uma cidade com casos de coronavírus, são 14 dias isolado, período em que a doença se manifesta”, explicou o prefeito. “E a população vem cuidando”.

‘Cada dia é uma guerra’

Na avaliação do prefeito, em geral, os moradores de Pedro Gomes têm compreendido as medidas sanitárias –embora, conforme o acompanhamento da consultoria In Loco, o isolamento social na cidade no domingo (10) tenha tido a adesão de apenas 45,5% da população. O trabalho, contudo, é constante.

“Além de recomendarmos o isolamento, cada dia é uma guerra. Contamos com a conscientização das pessoas. Mas, infelizmente, há aqueles que não acreditam, desavisados que podem por tudo a perder”, afirmou. “Encontramos muita gente nas ruas e 90% são a favor [das medidas], mas às vezes há 10% que fica recriminando”, pontuou.

Além do toque de recolher e das barreiras sanitárias, a cidade proibiu pessoas com mais de 60 anos de frequentarem estabelecimentos como supermercados e exigiu o uso de máscaras em locais fechados –em espaços abertos, há a recomendação para a utilização do EPI (equipamento de proteção individual).

A cautela considera a estrutura de Saúde presente: com 4 postos de saúde que integram dois PSFs (Programa Saúde da Família) e o hospital municipal em reforma, a cidade conta com um respirador e não tem UTI (Unidade de Terapia Intensiva). “Fomos atrás para comprar 4 respiradores, mas não se encontra, e o Ministério da Saúde requereu essa responsabilidade para si”, disse Willian Fontoura. Caso haja necessidade de transferir pacientes, o município os enviará para Costa Rica, e não Coxim, da qual integra a Regional. “Foi uma decisão do Governo do Estado”, afirmou.

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