Mais clientes denunciam Energisa por contas que multiplicam valor ‘do nada’

Depois de inúmeras denúncias de consumidores nos últimos dois meses sobre aumento abusivo nas faturas da energia, na manhã de terça-feira (29), a Câmara Municipal transformou a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) em comissão especial, justamente para apurar as reclamações junto a Energisa. Os casos dos clientes revoltados são os mais variados. As reclamações se […]

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Foto: Arquivo Midiamax
Foto: Arquivo Midiamax

Depois de inúmeras denúncias de consumidores nos últimos dois meses sobre aumento abusivo nas faturas da energia, na manhã de terça-feira (29), a Câmara Municipal transformou a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) em comissão especial, justamente para apurar as reclamações junto a Energisa. Os casos dos clientes revoltados são os mais variados. As reclamações se multiplicaram nas redes sociais e envolvem a “briga” para saber quem está certo ou errado.

Em uma das publicações no Facebook do Jornal Midiamax, é perceptível a quantidade de pessoas que foram atingidas pelo aumento da energia em Campo Grande. Relatos revelem que consumidores pouco utilizaram dos seus eletrodomésticos no período de contagem do consumo e mesmo assim, se dizem vítimas da concessionária.

Uma das clientes mostra que sua conta beirou os R$ 1 mil e diz não saber como pagará. Demais reclamaram aumento de até R$ 200 de um mês para o outro.

O problema da família de Ricardo, 35 anos e que mora com sua esposa e seus dois filhos já é antigo. O gerente de uma empresa de motores conta que no passado houve aumentos na fatura na casa em que morava alugada, mas agora, com a casa própria, ele se surpreendeu com o aumento.

Recentemente, Ricardo acrescentou dois ar-condicionado e dessa forma, esperava que o valor da luz aumentasse um pouco. Ele alega que o aumento abusivo começou a acontecer nos últimos dois meses e que não teve condições de pagar por conta da renda familiar. Com os novos aparelhos, a conta dele passou de R$ 200 para R$ 400, mas agora a situação é ainda mais complicada.

Mais clientes denunciam Energisa por contas que multiplicam valor 'do nada'
Nos últimos dois meses, a conta tinha média de R$400, porém, o valor da conta de um dos clientes subiu para mais de R$800.

“Mês passado e esse mês pulou de R$ 430 para R$ 840. Eu não consegui pagar os últimos valores, está fora da realidade o valor que eles estão cobrando. Eu não acho justo tirar dinheiro da minha esposa para pagar uma coisa que não tem cabimento”, lamenta.

O pai de família disse que não sabe como recorrer, mas que pretende ir até o Procon-MS para buscar “um norte” e assim decidir qual o melhor caminho para tentar buscar seus direitos contra o aumento. “Não cheguei a fazer reclamação na empresa, mas devo ir no Procon para ver isso. Eu não tenho norte, eu estou indo lá [Procon] para eu ter um norte, eu não sei para quem recorrer e o que eles me orientarem a fazer, eu vou fazer”.

O aumento abusivo da conta de energia nos últimos meses também afeta diretamente a renda mensal de Tiago Correia, de 37 anos. O consultor de vendas que mora atualmente com a sua esposa e tem um filho, afirma que pagava em média R$ 200 de luz e que nos meses de setembro e outubro, o valor da conta elevou mais do que o dobro.

“Eu chamei um rapaz da Energisa, ele olhou o relógio e disse que estava tudo certo. O dia inteiro ninguém fica em casa, só os cachorros”, conta. As últimas contas, o valor passou para mais de R$500.

De acordo com Tiago, um dos meses em que se registrou aumento foi justamente quando ele realizou a troca de todas as lâmpadas de residência, buscando diminuir o valor da conta. Entretanto, ele não esperava que ao invés de abaixar, a conta viria mais cara do que o normal. “Eu fiz uma compra de lâmpadas, troquei tudo, pensei que iria dar uma economizada e no fim, aumento”.

O que diz a Energisa?

A reportagem entrou em contato com a concessionária e conforme nota enviada pela assessoria da empresa, em uma das verificações feitas pela concessionária, ficou constatado que o aumento na “conta de luz está diretamente ligado ao consumo de energia elétrica utilizado pelo cliente”.

“O consumo de energia do cliente subiu nos últimos meses acompanhando a elevação da temperatura. Isso foi constatado pela leitura realizada nos meses de setembro e outubro de 2019, respectivamente”, diz a nota.

Ainda no posicionamento, a Energisa orienta que o cliente sempre entre em contato com a concessionária para que a análise seja feita individualmente.

Procon-MS

O Procon-MS notificou na terça-feira (29) a Energisa, empresa responsável pelo serviço de energia em Mato Grosso do Sul. De acordo com o órgão estadual, houve diversas reclamações de consumidores e por esta razão, a notificação pede explicações sobre o aumento nas faturas dos clientes.

No documento em que o Jornal Midiamax obteve com exclusividade e de forma antecipada, o Procon-MS listou cinco explicações e entre elas, está a questão dos valores que são pagos pelo KW/h. O questionamento trata dos valores que são repassados aos consumidores ou se a Energisa trata como um “impacto futuro” ao ser lançado no reajuste da tarifa de energia do próximo ano.

A comissão

Atuarão na comissão especial o proponente, vereador Vinícius Siqueira (DEM), André Salineiro (PSDB) e Valdir Gomes (PP). Segundo João Rocha, a assessoria jurídica da Casa informou que os vereadores não teriam competência para investigar uma concessão federal, serviço contratado pela União para que a Energisa faça a distribuição de energia no Estado.

Siqueira disse que na suspensão da sessão para tratar do reajuste dos servidores, o tema foi discutido. “Não recebo com surpresa o anúncio porque nós já havíamos conversado durante a reunião. Acredito que, na verdade, é melhor porque uma CPI a Energisa teria argumentos para derrubar na Justiça e nem acontecer. Uma comissão especial, não. A empresa não teria argumentos para derrubar uma investigação, amarrar a comissão especial”.

No entanto, a comissão especial não teria o mesmo ‘poder’ que uma CPI. “Não podemos obrigar a empresa a prestar depoimentos, não podemos pedir quebra de sigilo, mas a chance de sobreviver é maior. E o resultado pode sim gerar uma ação civil pública apresentada por uma associação. Pode chegar na Justiça a reclamação”, ponderou.

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