Reclamações Energisa: clientes relatam aumentos abusivos e cobranças que registraram salto de quase 1000%
“Nós passamos por inúmeras dificuldades financeiras, meu marido é pensionista e doente e temos muitas prioridades. A Energisa não pode de uma hora para outra aumentar a conta de luz sem uma justificativa que nos convença realmente”. Foi assim que a dona de casa, Mafalda Teodoro Gonçalves, de 61 anos, resumiu o aumento na conta […]
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“Nós passamos por inúmeras dificuldades financeiras, meu marido é pensionista e doente e temos muitas prioridades. A Energisa não pode de uma hora para outra aumentar a conta de luz sem uma justificativa que nos convença realmente”. Foi assim que a dona de casa, Mafalda Teodoro Gonçalves, de 61 anos, resumiu o aumento na conta de energia elétrica que vem gerando inúmeras reclamações por parte dos clientes da concessionaria que distribui o serviço em Mato Grosso do Sul.
A reportagem do Jornal Midiamax foi até as ruas e ouviu a opinião da população em relação os aumentos praticados pela empresa em 2019. O que há de comum entre eles são as justificativas por parte da Energisa. No entanto, segundo os entrevistados, não cabem a realidade na qual vivem.
Dona Mafalda, é um desses exemplos. Segundo ela em sua casa, que é pequena, vivem apenas ela e o marido e os hábitos do casal não mudaram nos últimos meses onde que justifiquem a diferença nos valores das contas. “A média que vinha para nós era de R$ 70, porém, após a mudança do nosso medidor (relógio de luz), o aumento foi abusivo. Nossa última conta veio R$ 200. Meu marido é pensionista e doente, gastamos muito com a medicação dele e, apesar da ajuda dos nossos filhos, acho que será impossível pagar a energia elétrica, por que temos duas escolhas, comemos ou pagamos esse débito”, lamentou.
Além disso, Mafalda falou que, além da fatura deste mês, veio uma cobrança de R$ 800 referente a débitos que ela teria com a empresa, pois seu relógio não estaria marcando de forma certa. “Esse problema não é nosso, é responsabilidade deles trocar o padrão de luz, não é nossa culpa. Eles falaram que poderiam dividir o valor em parcelas de R$ 200, mas ainda terão as contas que virão nos meses seguintes. Isso é desesperador, pois a atendente me garantiu que a empresa não irá perder”, reclamou.
Outro caso parecido é da aposenta e empregada doméstica, Sueli Oliveira de 64 anos. Apesar de morar sozinha o valor da conta de luz saltou de R$ 70 em novembro para R$ 672 em janeiro. “Eu passo o dia fora, não lavo e passo muita roupa, e não tenho ar-condicionado. A justificativa deles foi a de que o consumo meu aumentou devido ao calor, não me convence. E o problema não é só comigo, no meu bairro, no ônibus, em todos os lugares em que eu ando a reclamação é a mesma. Portanto, estou tentando resolver meu problema, pois não terei esse dinheiro para pagar”, justificou.
Outra entrevistada pela reportagem foi a servidora pública Rozane Salete Vargas de 51 anos. Ela também mora com o marido e uma neta ainda bebê. Antes suas faturas quando chegavam tinham como o valor máximo de R$ 100, no entanto no mês de janeiro dobrou. “Desse mês veio mais de R$ 200, é muita diferente entre um mês para o outro. Meu marido solicitou a verificação do relógio em dezembro, mas nenhum funcionário foi até lá. Não temos aparelho de ar-condicionado, meu apartamento é pequeno, portanto não é possível que tivemos esse aumento no consumo como eles afirmam”, questionou.
Rozane ainda falou que o marido tomou algumas medidas para que a energia ficasse mais em conta, porém não surtiram efeito. “Diminuímos muito o consumo. Por exemplo, meu esposo tirou as lâmpadas da geladeira e até do fogão. Além disso, quando vamos dormir, ele tira todos os aparelhos das tomadas para que a luz vermelha, na qual indica que eles estão desligados, também fique apagada”, argumentou.
Para a doméstica, Ana Abadia de 56 anos, deram uma justificativa que também não condiz com a realidade dela. Segundo ela, a empresa alegou que por ser um mês de férias escolares, é normal o aumento do consumo de energia, pois elas assistem mais televisão e tomam mais banho. Porém, na casa dela não tem criança, apenas três adultos. “Em casa durante o dia fica apenas eu, os outros dois saem para trabalhar e só voltam a noite. Além disso, minha casa é muito pequena, três cômodos, uma televisão e uma geladeira, nem chuveiro elétrico temos. Não consigo entender o que mudou para vir esse aumento”, finalizou.
O que diz a Energisa
O coordenador comercial da Energisa, Jonas Ortiz, declarou que não houve aumento tarifário. Segundo ele, os valores mais altos são decorrentes de maior consumo, principalmente porque em dezembro fez mais calor e que janeiro já foi consideramo o mês mais quente do século.
“Além disso, é uma época em que as pessoas estão mais em casa, o que também aumenta o consumo. E estudos demonstram que o próprio calor faz com que eletrodomésticos consumam mais energia, como geladeiras”, descreveu.
Procon
O titular do Procon-MS, Marcelo Salomão, contestou a afirmação da concessionária. Para ele, a hipótese de aumento no consumo – e não no valor do KW/h – é improvável, porque há provas de consumidores que mantiveram o mesmo valor de kw/h, mas que tiveram aumento expressivo na conta. “Nós acreditamos que há erro na cobrança”, concluiu.
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