Falta menos de um mês para aplicação da primeira prova do e o ritmo dos candidatos segue acelerado, seja nas revisões de conteúdo, seja na resolução de questões. Nas agendas, o espaço para fica menor, mais restrito, e é encarado como um sacrifício necessário a quem vê na prova a oportunidade de entrar numa universidade pública.

“Eu até estava saindo no fim de semana, para dar uma relaxada, me distrair um pouco, mas agora estou praticamente só em casa, revisando os tópicos, porque a prova já está bem aí. Sair, agora, só na véspera. Quero ir no cinema, dar uma distraída, para não ficar nervoso na hora da prova”, conta Alisson Pedroso, de 17 anos, que tentará o curso de Direito da UFMS.

Assim como ele, Matheus Moreira, de 17 anos, também quer entrar no curso de Direito da UFMS. Ele afirma que decidiu dedicar somente a tarde e a noite dos sábado ao lazer. Aos domingos, ele volta a estudar para “entrar na rotina” durante a semana. “Agora é o ‘Ou tudo ou nada', não é? Então estou fazendo desse jeito desde setembro… Utilizo o domingo para estudar porque assim na segunda-feira já estou adaptado à rotina. Nesse dia fico revisando as minhas notas, já não tem mais conteúdo novo, é só revisão”, destaca.

Todos os candidatos ouvidos pela reportagem relataram estar na fase de rever o que foi ensinado em 2019. O problema, porém, é que o deste ano pode reservar surpresas significativa, e isso também desperta receio a quem se submeterá ao exame. É que com a mudança de governo e as polêmicas da última edição do exame, candidatos acreditam que a dinâmica da prova possa ser substancialmente alterada.

“Uma coisa seria eu tentar uma prova na qual fui treineira por dois anos. Outra coisa é fazer um teste que a gente simplesmente não tem referência nenhuma de como vai ficar, caso tenha mudança. Todo mundo está meio receoso, porque ninguém sabe se o Enem vai ter neste ano as mudanças que o governo disse que faria”, comenta a estudante Nayara Siqueira, de 18 anos, que disputará uma vaga no curso de Medicina da UFMS.

Apostas

No ano passado, o Enem tornou-se alvo do então presidente recém-eleito Jair Bolsonaro (PSL), principalmente devido a uma questão de sociolinguística que mencionava o “pajubá” – uma espécie de dialeto de pessoas LGBT, que inclusive recorreu a uma reportagem do Jornal Midiamax.

Na ocasião, Bolsonaro destacou que em seu governo a prova seria revista por ele mesmo. Ao tomar poder, o presidente determinou mudanças no INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e desde então, de fato, o Enem é uma incógnita. Mas, candidatos já se preparam – como podem – pra eventuais mudanças.

“Não acredito que seja tão grande assim, mas talvez seja algo relacionado a temas polêmicos”, opina Eduardo Costa, 21, estudante de administração que quer uma vaga em Contabilidade na UFMS.

O tema da redação talvez seja o espaço no qual as mudanças possam ser mais significativas e, portanto, trabalhar os temas pode fazer a diferença. “Eu aposto muito em acompanhar as notícias para fazer uma boa redação. Ninguém sabe como vai ser o Enem nesse ano, vai ser uma gande surpresa. Mas, eu não acho que vai ser tão despolitizado quanto se anunciou. A redação vai pedir pra contextualizar algo. Aposto nas fake news”, completa Costa.