Reportagem do Midiamax sobre cultura LGBT é base de questão no Enem 2018

Uma reportagem publicada pelo Jornal Midiamax em junho de 2017 foi citada na prova de linguagens do primeiro dia do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) 2018, aplicada no domingo (4). A questão, que foi considerada um dos destaques do exame pela imprensa nacional, traz trecho da matéria assinada pelo jornalista Guilherme Cavalcante, que fala […]

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Uma reportagem publicada pelo Jornal Midiamax em junho de 2017 foi citada na prova de linguagens do primeiro dia do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) 2018, aplicada no domingo (4).

A questão, que foi considerada um dos destaques do exame pela imprensa nacional, traz trecho da matéria assinada pelo jornalista Guilherme Cavalcante, que fala sobre identidade LGBT: Acuenda o pajubá: Conheça o ‘dialeto secreto’ utilizado por gays e travestis”.

A matéria citada no ENEM apresentou a leitores o “Pajubá”, que é uma espécie de “dialeto” utilizado pela comunidade LGBT, com base no idioma iorubá, trazido ao Brasil na época da escravidão, e que ao longo do tempo foi incorporado sobretudo por travestis. Já a questão recorria ao exemplo do pajubá para perguntar aos candidatos como um dialeto pode surgir dentro da língua portuguesa.

Matriz africana

A reportagem explica, por exemplo, que o pajubá utiliza elementos (principalmente, mas não só) do idioma iorubá – que não tem uma flexão de gênero, como no português (‘o menino’ e ‘a menina’). Ao mesmo tempo, os dogmas do candomblé admitem a flexibilização entre masculino e feminino, algo que na tradição cristã é impensável.

“Assim, não foi à toa que os terreiros de candomblé tenham se tornado uma espécie de ‘espaço de existência’ de gays e travestis daquele tempo, meados do Século XX, onde essas pessoas podiam viver suas identidades sem represálias. Foi nos terreiros, portanto, que a assimilação do iorubá para uma linguagem cifrada teve início”, traz a reportagem.

Para o professor e gestor cultural Caciano Lima, que fez a prova por uma experiência pessoal, é importante que o Enem proporcione a interação dos temas clássicos, como língua portuguesa, com outras matérias, como antropologia e sociologia, como foi a proposta da questão.

“Cada ser humano vive em um grupo social e neles, acredito, se reconhecem. As línguas partem da nossa cultura e características do meio em que vivemos. Muitos se reconheceram e sentiram o pertencimento social quando se deparam na prova com um assunto como esse”, destaca.

O tema da pergunta foi bastante mencionado nas redes sociais e dividiu opiniões. No Twitter, usuários chegaram a dizer que “sorriram” quando leram a palavra pajubá enquanto outros acusaram o exame de estar “doutrinando” a prova ao mencionar um tema “tão restrito”. Confira alguns destaques:

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