O Exército Brasileiro, responsável pelo recapeamento das ruas Brilhante e Guia Lopes, em Campo Grande, finalizou as obras e entregou à Prefeitura Municipal. O anúncio do término nas obras surpreendeu os comerciantes, pois com facilidade apontaram que é possível encontrar acostamentos inacabados, trechos desnivelados e calçadas bastante prejudicadas ao longo dos 3,3 km.
A reportagem do Jornal Midiamax foi até o endereço conversar com os comerciantes que apontaram, inclusive, “cicatrizes” deixadas pelas obras no comércio da região. Prejuízo na queda das vendas chegam a 30%.
O empresário Ítalo Monteiro, 35 anos, relatou que, neste período de obras teve prejuízo de milhões de reais devido à escassez de clientes que deixaram de ir até suas lojas na Rua Brilhante. Surpreso com o encerramento da pavimentação, Ítalo disse que a qualidade do serviço finalizado é questionável.
“Tivemos tantos problemas com essa obra que se deixasse na rua de terra estava bom. A gestão dessa obra foi péssima, parecia que eles não tinham conhecimento do que estavam fazendo, sem contar o abuso de autoridade”, pontuou.
Segundo o comerciante, o ‘abuso de autoridade’ seria por conta do fechamento das quadras sem aviso prévio aos comerciantes. “No começo eles avisavam, mas depois só chegavam aí e fechavam a rua. Há 15 dias atrás deixaram a rua fechada por 7 dias. Todos os dias eu preciso descarregar 4 carretas de cimento aqui na loja e não tinha como.
As obras na Brilhante deixaram danos para o comércio porque muitos clientes deixaram de ir até as lojas na região justamente por sempre se deparar com as ruas fechadas.
“Como assim já terminaram?”, questionou Wilson de Souza, proprietário de uma casa de ervas e loja de roupas na Brilhante, que também apontou falhas na qualidade do serviço finalizado. Conforme o comerciante, durante os dois anos de obra foi possível identificar muitos problemas no planejamento e desperdício de materiais durante as chuvas.
“Aconteceu muito desperdício durante as chuvas, dava para ver. Sem contar que eles não tinham foco para trabalhar, parecia que não conseguiam ficar só em uma quadra e terminar o serviço. Eles refaziam bastante trechos também, como os bueiros”, disse.
A burocratização do serviço e falta de continuidade também foi um problema na demora da entrega, apontou o comerciante. “Eles dependem de ordens, a gente entende isso. Teve dias que chegavam as equipes aí para trabalhar cedinho, ficavam parados esperando para saber o que fazer aí vinha o tenente responsável dava a ordem e ia embora. As vezes a ordem era para fazer um buraco em uma esquina e só, depois voltavam no outro dia. Queria ser engenheiro para entender o que fizeram nessa obra”, afirmou.
A vendedora Viviane Rodrigues, disse que começou a trabalhar em um comércio na Brilhante assim que as obras começaram e ficou abismada com o término da obra. “Tem tanto trecho que o asfalto está desnivelado, é um absurdo”, limitou-se.
Término da obra
O anúncio do término da obra foi feito pela Prefeitura Municipal nesta quarta-feira (12). Em nota publicada no site, a prefeitura diz que o Exército realizou os últimos reparos nas ruas e que o serviço de pavimentação foi finalizado.
Em abril de 2019 cinco pontos da rua receberá a implantação de pisos rígidos para que recebem estações de pré-embarque, rampas de acessibilidade no meio-fio das esquinas e algumas bocas de lobo.
Agora, a Sitran Engenharia e Sinalização, empresa vencedora de licitação divulgada no Diogrande (Diário Oficial) nesta quarta-feira, vai executar a sinalização horizontal e vertical da Guia Lopes e da Brilhante. O prazo para começar o serviço, segundo assessoria de imprensa da Prefeitura é de 45 dias e ainda será lançada licitação para a instalação de semáforos.
No trajeto foram implantados 2 quilômetros de drenagem. Foi instalada uma rede de tubulação para ligação com a drenagem já existente na Avenida Salgado Filho e em dois ramais da Vila Jacy, por onde a enxurrada escoará até o Rio Anhandui.
Prefeitura x Exército
A parceria da Prefeitura Municipal com o Exército começou em 2016 quando a gestão contratou os serviços militares para a execução da obra de pavimentação de 12 km do corredor sudoeste de Campo Grande. No cronograma, estavam inclusos além da Rua Brilhante e Guia Lopes, a Rua Marechal Deodoro, Gunter Hans e a Avenida Bandeirantes. A obra ficou orçada em R$ 24 milhões.
Em abril de 2018, a Prefeitura ‘retirou’ R$ 18 milhões do convênio com o Exército Brasileiro. Na época da readequação, a Prefeitura prometeu fazer uma nova licitação para recapear os quase 5km que começam na Rua Marechal Deodoro e segue pela Gunter Hans, até o terminal Aero Rancho.
O terceiro trecho é justamente o recapeamento dos quase 4km da Avenida Bandeirantes, umas das principais vias da região sudoeste da Capital. Segundo o município, além do asfalto novo as obras vão culminar com implantação de 6km de drenagem.
