De acordo com os dados do Ministério da Saúde, entre 2007 e 2016, foram registrados no SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) 106.374 óbitos por suicídio. Em 2016, a taxa chegou a 5,8 por 100 mil habitantes, com a notificação de 11.433 mortes por essa causa. O suicídio é a terceira maior causa de morte entre os homens (9,2 por 100 mil habitantes) e a oitava maior entre as mulheres (2,4 por 100 mil habitantes).

Os levantamentos do Ministério da Saúde, divulgados nesta quinta-feira (20), como uma das ações do Setembro Amarelo, apontaram que, entre 2011 e 2015, o índice de suicídios em terras indígenas foi de 15,2 por 100 mil pessoas, sendo 45% entre jovens de 10 a 19 anos.

Entre homens, o índice foi de 23,3 (por 100 mil pessoas) e entre mulheres de 7,7 (por 100 mil pessoas). O número é significativo para o estado, pois Mato Grosso do Sul possui a segunda maior população indígena do país.

Segundo o Ministério da Saúde, as causas para os suicídios de indígenas são multifatoriais, mas, são apontados determinantes sociais como violência, estigma, preconceito e conflitos intergeracionais.

Métodos usados e como mudar o cenário

Os estudos do Ministério da Saúde apontam que a intoxicação exógena é o meio utilizado por mais da metade das tentativas de suicídio notificadas no país. Com relação aos óbitos, a intoxicação é a segunda causa, com 18%, ficando atrás das mortes por enforcamento, que atingem 60% do total. No ano passado foram 12 mil internações por intoxicação na tentativa de suicídio

Foi constatado que as mulheres são as que mais tentam suicídio por intoxicação, mas, são os homens são os que mais morrem.

Um dos principais fatores apontados para o grande número de tentativas de suicídio entre as mulheres, de acordo com Maria de Fátima Marinho de Souza, da Secretaria de Vigilância em Saúde, é a violência de gênero.

As mulheres adultas são atingidas por meio da violência doméstica e, as meninas pela violência intrafamiliar, sexual e até o bullying. A faixa etária entre 14 e 19 anos foi a que apresentou maior crescimento nas tentativas de suicídio entre o sexo feminino.

Sobre a importância da análise dos métodos empregados nas tentativas e nos suicídios, Maria de Fátima explica que, deste modo, é possível pensar métodos de prevenção à venda indiscriminada de produtos como pesticidas.

“Nos últimos anos, conseguimos controlar medicamentos que, se ingeridos, podem provocar a morte. Temos muitas tentativas e poucas mortes [causadas pelos medicamentos]. Dificilmente, vamos controlar o enforcamento, pois, não é possível impedir a venda de corda, mas, podemos dificultar o acesso ao pesticida, enquanto política pública”, explica.

Enfrentamento ao suicídio

O coordenador de saúde mental do Ministério da Saúde, Quirino Monteiro, explicou que o Ministério da Saúde identificou, em 2017, seis estados com as maiores taxas de suicídio: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Roraima, Amazonas e Piauí. “Foram definidas ações específicas para diminuir as taxas de suicídio nestes locais e utilizar as ações como ações piloto para ampliar as experiências para outros locais do país”, afirmou.

Foi destinado R$ 1,4 milhão foi para a realização de projetos nas Redes de Atenção Psicossocial (RAPS), nas capitais de Manaus (AM), (MS), Boa Vista (RR), Teresina (PI), Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC), consideradas prioritárias devido ao alto índice de suicídio.

O coordenador também mencionou o convênio com o CVV (Centro de Valorização da Vida) pelo 188. O número de ligações têm crescido a cada ano: foram 2 milhões de ligações em 2017 e a expectativa é de 2,5 milhões de atendimentos no CVV neste ano.

Quirino também destacou a implementação de 109 CAPS no Brasil, sendo dois em Mato Grosso do Sul. Sobre a ação nas comunidades indígenas, Monteiro destacou que nas localidades onde houve ações, os índices tiveram redução de 10,2% com a implementação da qualificação na rede de saúde indígenas, inserção de 550 profissionais e a estratégia de mobilização junto às lideranças indígenas mais jovens.