O mau cheiro recorrente é um drama para moradores da região sul de . Dores de cabeça, náuseas, ardência no olho e na garganta e dificuldade para respirar são alguns dos sintomas enfrentados pelos moradores, mas a situação se agrava ainda mais quando o clima esquenta.

Se o calor influencia no cheiro, o caso fica ainda mais sério em semanas como esta, quando a temperatura máxima em Campo Grande chegou a 35°C e sensação térmica de 39°C. “Nos dias quentes a situação piora, o cheiro se espalha mesmo. Dizem que é por causa de um adubo orgânico produzido ali na saída para Sidrolândia”, comenta a cabeleireira Neide Arévalo, de 57 anos.

O fedor já afetava pelo menos seis bairros: Parque do Lageado, Dom Antônio Barbosa, Parque do Sol, Residencial José Teruel Filho, Jardim Pênfigo e Jardim Colorado. Há poucas semanas, o cheiro chegou também ao Jardim Centenário, onde Neide mora. “Até para almoçar incomoda, você não tem coragem de comer por causa do mal cheiro. Não é só esse bairro, essa região toda o povo reclama do mal cheiro, mas é a primeira vez que chegou até o Centenário. Dói a cabeça, arde o olho, a garganta, a gente não está conseguindo respirar”, lamenta a cabeleireira.

Neide mora no Jardim Centenário há 27 anos e, apesar de ser um drama recente, ela até considera vender a própria casa para se livrar do odor. Eu sou cabeleireira e trabalho em casa, meus clientes vêm aqui e reclamam muito. Também estou com medo de ficar doente, incomoda até meu cachorro”.

Problema sem solução

Para tentar resolver o problema, moradores já recorreram a uma audiência pública na Câmara Municipal e também fizeram um abaixo-assinado, mas nada foi resolvido. Os moradores resolveram apelar para a Justiça e devem processar a empresa. “Os moradores entraram com um processo individual, mais de 50 pessoas irão processar e pedir indenização por danos ao patrimônio e também à saúde. A empresa diz que nós estamos irregulares, em uma área de polo industrial, mas não é isso. Moramos aqui há muitos anos e pagamos por nossas casas”, explica o presidente da associação de moradores do residencial José Teruel Filho, Rony Leão.

O Jornal Midiamax acompanha o drama dos moradores há meses e já conversou com o dono da empresa de adubos apontada como a causadora do mau cheiro. A empresa está regular e tem licença ambiental para funcionar, além disso o proprietário afirma que o cheiro liberado no bairro não pode ser gerado pela compostagem. “Pelo nosso processo, é quimicamente impossível sentirem o cheiro daqui. A gente faz compostagem, que libera gases como metano e amônia, assim que eles são emitidos, a tendência é ir para as camadas superiores da atmosfera”, explica.