A suspeita é de que uma empresa de adubo da região cause o problema

A população dos bairros , Parque do Sol, Residencial José Teruel Filho, Jardim Pênfigo e Jardim Colorado se reuniu na manhã desta quinta-feira (15) para recolher assinaturas de um abaixo assinado contra a empresa de adubos da região. De acordo com os habitantes de bairros próximos à BR-262, o cheiro “podre” é forte e causa mal-estar, principalmente em crianças.

O presidente da associação de moradores do Residencial José Teruel Filho, Rony Leão, afirma que já teve dores de cabeça, náusea e dores no estômago por conta do odor. Silvia Gonçalves passou a manhã recolhendo assinaturas e afirma que além do mal-estar, surgem manchas vermelhas em sua pele. Ela acredita que o gás liberado na região está causando alergias. Moradores de 5 bairros sofrem com mau cheiro que causa náusea e dor de cabeça

A empresa de adubos é regular e tem licença ambiental para funcionar. Além disso afirma que o cheiro liberado no bairro não pode ser gerado pela compostagem. De acordo com Rafael Pereira, sócio e engenheiro agrônomo, há várias empresas na região que podem gerar o odor, inclusive o próprio aterro sanitário.

“Pelo nosso processo, é quimicamente impossível sentirem o cheiro daqui. A gente faz compostagem, que libera gases como metano e amônia, assim que eles são emitidos, a tendência é ir para as camadas superiores da atmosfera”, explica. O sócio afirma que os moradores já visitaram a empresa e comprovaram que o cheiro do local é diferente do odor sentido no bairro.

Ajuda do Ministério Público

O grupo de moradores se reuniu em frente a um projeto social nesta manhã e montou duas mesas para o recolhimento das assinaturas, o objetivo é conseguir 10 mil assinaturas e enviar ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul.

Celso Luiz é líder comunitário do bairro Dom Antônio Barbosa e mora no local há 24 anos, ele conta que já havia protocolado um abaixo assinado mas resolveu se unir aos bairros vizinhos para chamar a atenção para o problema na comunidade. Segundo o líder comunitário, o dono da empresa de adubos já o recebeu no local para mostrar o como é feito o trabalho de compostagem. “A gente foi lá e ele diz que não é da empresa dele, que o cheiro vem de outro local, mas nós temos certeza que é de lá. Nós moramos aqui há vários anos, sempre teve um lixão aqui perto, mas o cheiro ficou forte mesmo depois da chegada dessa empresa”.

Os moradores insistem que o forte odor sentido nos bairros, principalmente no período da tarde e em dias quentes, não é de origem do lixão. Jaqueline Teixeira é coordenadora de um projeto social e afirma que as crianças se sentem mal com frequência. “Meu neto quando está dormindo até engasga com o cheiro, é forte, chega a arder o nariz da gente. Eu moro aqui há 21 anos e o cheiro forte começou de uns anos para cá, é um cheiro diferente de lixo, parece um ácido. O nosso bairro virou a escória de , tudo que ninguém quer, trazem para cá”, conta.

Com indícios de dores de cabeça, dores de estômago e náusea, os moradores acreditam que o cheiro é causador de doenças. Ramona Ramires é doméstica e afirma que já procurou postos de saúde por conta do mal-estar. “É insuportável, tem dias que eu passo mal, chega a ser até desumano. Eu acho que não é culpa do lixão porque antes não tinha isso”. O mal-estar leva os moradores ao posto mais próximo, a UBS (Unidade Básica de Saúde) Dr. Benjamim Asato, mas a enfermeira responsável afirma que não há como provar a causa dos sintomas.