Internado há 7 dias em CRS, paciente com cirrose hepática sofre com falta de leito em hospital

Família afirma que outros dois pacientes passam pela mesma situação

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A família do Wilson Alves Viana, de 59 anos, afirma enfrentar dificuldades na remoção de Wilson para um leito de hospital. Ele está internado no CRS (Centro Regional de Saúde) do bairro Coophavila, em Campo Grande, e, conforme relato enviado à reportagem, recebeu diagnóstico de cirrose hepática. Wilson aguarda desde o dia 12 – quinta-feira da última semana – transferência para uma unidade hospitalar que possa dar a devida continuidade ao tratamento médico. A família, no entanto, alega ter sido informada de que não há leitos disponíveis.

“Ele reclama muito de dores pelo corpo. A barriga está inchada. Aqui está em condições precárias, sem ventilação no quarto, sem chuveiro, sem luz, não tem onde colocar os objetos, ou põe no chão ou na cama. Tem outros dois idosos que passam pela mesma dificuldade e também precisam de transferência”, explica Edilaine Azevedo, filha de Wilson.

Procurada pela reportagem, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) afirmou que ainda não consta no sistema de regulação o pedido judicial para transferência do paciente. No entanto, o caso já estaria sendo tratado com prioridade pela Central. “A eventual espera prolongada e maior permanência na unidade de saúde do município decorre da indisponibilidade de leitos por parte dos hospitais da rede conveniada, não havendo possibilidade para transferência”, traz a comunicação oficial da pasta.

A nota ainda detalha que, apesar da necessidade do paciente ser encaminhado à uma unidade hospitalar, ele está recebendo toda a assistência necessária e sendo acompanhado pela equipes de médicos e enfermeiros no CRS. “O paciente deve passar por uma nova avaliação nesta manhã a pedido do médico que fará um novo pedido de encaminhamento”, conclui a comunicação.

Problema recorrente

A falta de leitos hospitalares é um problema crônico no país, recorrente na Capital. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a recomendação é que as cidades disponham de 3 a 5 leitos a cada 1000 habitantes. Em Campo Grande, de acordo com o Sisgran (Sistema Municipal de Indicadores), em 2017 havia 2.215 leitos de internação e 409 leitos complementares, totalizando 2.624. O índice, 3 para cada mil campo-grandenses, atende à recomendação mínima da OMS.

Todavia, a conta não fecha e a reclamação por leitos em hospitais torna-se algo comum. De acordo com o poder público, um dos fatores que agrava essa realidade é que a Capital recebe muitos pacientes de cidades de interior. No maior hospital de Mato Grosso do Sul, a Santa Casa de Campo Grande, outro problema enfrentado é o grande número de pessoas que ocupam leitos na unidade, que é de média e alta complexidade, por conta de ocorrências de baixa complexidade. A expectativa é que com a inauguração dos 128 novos leitos da Unidade do Trauma o problema seja mitigado.

Em relação às UTI (Unidades de Terapia Intensiva), de acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, existem no município 102 leitos de UTI adulto, dos quais 16 estão no HU (Hospital Universitário); 29 no HRMS (Hospital Regional de Mato Grasso do Sul); 4 no Hospital do Câncer Dr. Alfredo Abrão – todos do tipo II; e 57 leitos tipo III na Santa Casa de Campo Grande.

Já em alas pediátrica, são 23 leitos, sendo, do tipo II, 5 no HU e 8 no HRMS; e do tipo III totalizam 10 leitos na Santa Casa de Campo Grande. As UTI neonatais dispõem de 34 leitos, sendo 10 deles do tipo II, na Maternidade Cândido Mariano, 6 no HU e 10 no Regional; e do tipo III, na Santa Casa, somam-se 8 leitos. As classificações I, II e III referem-se a complexidade de cada unidade.

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