O vídeo que retrata uma gestante deitada em uma maca na CRS ( Regional de Saúde) Nova Bahia, em , viralizou nas redes sociais. As imagens, que ganharam as redes na tarde da quinta-feira (6), já alcançaram mais de 78 mil visualizações no Facebook e sugerem que a gestante teria tido o aborto em cima da maca. Todavia, o vídeo não esclarece as condições de entrada da paciente.

As imagens trazem uma gestante sobre uma maca reclamando de dores e com um feto ao lado, embrulhado em uma toalha. “Para eles verem o descaso que é com a saúde pública, a mulher perdeu o filho e está aqui esperando com o feto na mão, gente. Isso é um absurdo”, diz a mulher que realizou a filmagem.

De acordo com a ( Pública), no entanto, a gestante não sofreu o aborto na maca, à espera por atendimento. Em nota, a pasta afirma que a gestante, que tem 34 anos, já chegou com o feto em mãos na CRS e aguardou poucos minutos pela chegada do médico obstetra que estava de plantão.

Segundo a Sesau, a paciente está em situação de vulnerabilidade e teve uma gestação de alto risco. A Secretaria esclareceu, ainda, que a paciente procurou atendimento da ainda na quarta-feira (5), quando um exame feito pelo médico atestou ausência de batimentos cardíacos no feto.

A gestante foi encaminhada para o Hospital Universitário, onde passou por mais exames, quando foi comprovada a ausência de vida no feto.

A mulher não passou por cirurgia para a retirada do feto, já que, segundo a secretaria, profissionais defendem que o aborto deve ser feito de forma espontânea, sem necessidade de intervenção cirúrgica.

Entrada

A Sesau destacou que, na quinta-feira (6), quando o vídeo foi gravado, a paciente teria retornado ao CRS já com o feto enrolado em uma toalha, sendo acolhida na enfermaria, em uma maca. De acordo com a secretaria, foram poucos minutos de espera.

A filmagem teria ocorrido ainda na enfermaria. No vídeo divulgado nas redes sociais, a mulher pede autorização para filmar por duas vezes, mas não é possível ouvir a paciente responder em nenhuma delas.

Diante da repercussão, a Sesau publicou uma nota oficial no post explicando que o ato de filmar e expor pessoas mortas configura crime previsto no Código Penal Brasileiro, com pena de detenção de um a três anos e multa.

Entretanto, a pasta não deve tomar providências e afirmou que cabe à paciente e à família, caso se sintam expostas ou ofendidas. A Sesau informou que pode tomar medidas legais com relação à filmagem, já que o conteúdo teria colocado em xeque a atuação dos profissionais. O caso ainda está sendo investigado.

A gestante continua em observação na CRS Nova Bahia e aguarda transferência para o Hospital.

Confira a nota da Sesau na íntegra:

“Em razão da publicação de um vídeo vinculado inicialmente na rede social Facebook onde uma mãe (que terá o nome preservado por questões legais) aparece em uma maca ao lado de um feto enrolado em um pano, a Secretaria Municipal de Saúde do município de Campo Grande (SESAU) vem a público esclarecer.

O vídeo que, até o momento, somente na publicação de um perfil (usuário), teve 546 compartilhamentos e mais de 19 mil visualizações, foi gravado na enfermaria do Centro Regional de Saúde (CRS) Nova Bahia e recebeu o título “UPA Nova Bahia” descaso, de forma que não só induzis o expectador a acreditar que houve negligência em relação ao atendimento, mas, de certa forma, afirma tão posição.

Por esta razão a SESAU esclarece que a “paciente” procurou atendimento CRS Nova Bahia na data de ontem, quarta-feira, dia 05, e no exame físico feito pelo médico ela apresentou sinais de “colo do útero apagado”, quando há dilatação aumentada do útero para o parto, no entanto foi atestado também ausência de batimentos cardiofetais, ou seja, o coração do feto estava parado.

Por volta de 18h ela foi encaminhada para o Hospital Universitário onde passou por exames. Em casos onde há comprovação de ausência de vida, alguns profissionais defendem que o feto seja liberado de forma espontânea, sem a necessidade de intervenção cirurgia. Porém, até o momento, a SESAU não teve acesso ao prontuário de atendimento do hospital que já foi solicitado.

Nesta quinta-feira a paciente retornou ao CRS já com o feto em mãos enrolado em uma toalha e foi acolhida pela equipe de plantão da unidade. Ela foi encaminhada à enfermaria e foi orientada a aguardar o médico, momento em que a pessoa entrou na sala e produziu as imagens.

A SESAU lamenta o ocorrido, principalmente pela exposição irresponsável da paciente, e reforça que toda a assistência necessária foi prestada na unidade.

O Vilipêndio a cadáver, do qual contempla o ato de filmar e expor pessoas mortas, é uma figura de crime previsto no Código Penal Brasileiro e prevê pena de detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa”.