Os dados sobre a irresponsabilidade do campo-grandense no trânsito são motivo de alerta para os moradores da cidade. Desde 2016, aumenta a cada ano o número de presos por embriaguez ao volante. Em 2016, o BPTran (Batalhão da Polícia Militar de Trânsito) prendeu em flagrante 235 condutores embriagados. Em 2017, esse número saltou para 291, um aumento de 23,8% no flagrante de motoristas dirigindo alcoolizados nas ruas de Campo Grande.

E tudo indica que 2018 terá um novo aumento. De janeiro até esta sexta-feira (15), 151 pessoas foram flagradas conduzindo veículos sob o efeito de álcool.

A assessoria de comunicação do BPTran informou que no ano passado, 94 pessoas se recusaram a passar pelo teste do bafômetro e, nesses seis primeiros meses de 2018, esse número duplicou: 306 pessoas se negaram a passar pelo teste, um aumento de 225,5%.

Mas o que acontece quando o motorista se recusa a fazer o teste? De acordo com a Sargento Lorena do BPTran, ocorrem dois casos distintos quando o motorista se recusa a passar pelo bafômetro. “Por exemplo, ele se recusou e não está apresentando nenhum sinal de embriaguez, ele só se recusou, as vezes tem algum sinal que bebeu e está com medo. Com essa pessoa é dada a multa de recusa, que é o mesmo valor da multa de embriaguez. Quando ele se recusa e apresenta sinais de embriaguez, aí o encaminhamos para a delegacia e faz o termo da capacidade psicomotora alterada”, disse a sargento.

A multa, tanto para a recusa quanto para o flagrante de embriaguez, tem o mesmo valor de R$ 2.934,70. “Esse ano intensificamos as fiscalizações da Lei Seca. Todos os finais de semana estão acontecendo blitze, e por isso, os números aumentam”, comentou.

Acidente no centro da Capital

Na manhã desta sexta-feira (15) um jovem de 27 anos embriagado, conduzindo um Fiat Uno, teria provocado acidente onde dois idosos morreram na Rua Marechal Cândido Mariano Rondon, em Campo Grande. Ele teria se recusado a fazer o teste do bafômetro, mas apresentava sinais visíveis de embriaguez.

O suspeito de causar o acidente que vitimou duas pessoas, já teria histórico de embriaguez ao volante, pois em 2016 ele foi multado por dirigir embriagado e estava com a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) cassada.

Ele foi socorrido e levado para a Santa Casa de Campo Grande e está internado sob escolta policial. A polícia teria constatado a embriaguez.

Atropelados na Avenida Ceará

No mesmo cruzamento onde Lucas Henrique Souza Matheus, de 21 anos, morreu atropelado em novembro de 2017, o jovem Moisés Luiz da Silva Oliveira, de 22, também perdeu a vida em abril deste ano. A “coincidência” não é apenas no local onde os dois estudantes morreram ou a forma trágica, mas também o fato de que os dois motoristas que os mataram estavam embriagados e dirigiam em alta velocidade na avenida.

Lucas Henrique foi atropelado no dia 24 de novembro de 2017 por estudante de medicina que dirigia o veículo bêbado. Lucas foi socorrido em estado grave, foi encaminhado para a Santa Casa onde ficou internado por três dias, onde morreu por não resistir aos ferimentos.

Moisés foi atropelado enquanto atravessava a faixa de pedestre no momento em que foi atingido por carro conduzido por um motorista embriagado. O jovem não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Imagens de câmeras de segurança flagraram o momento do ocorrido. Assista às imagens aqui.

As “coincidências” também são pelo fato de que os motoristas, suspeitos por atropelarem e matarem Lucas e Moisés, respondem o processo em liberdade. Confira aqui e aqui.

A reportagem entrou em contato com o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) para apurar quantos motoristas presos em flagrante por embriaguez ao volante respondem o processo em liberdade, mas até o fechamento desta matéria, assessoria de imprensa não havia se posicionado.