Comerciantes prometem não deixar o prédio da antiga Rodoviária

Atividades de lojistas devem ser encerradas até às 18 horas desta sexta

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Atividades de lojistas devem ser encerradas até às 18 horas desta sexta

O fechamento do Centro Comercial Terminal do Oeste, prédio que abrigou a antiga rodoviária da Capital, surpreendeu comerciantes do espaço. O local será interditado pelo Corpo de Bombeiros nesta sexta-feira (6) em razão de irregularidades na segurança. Para muitos lojistas, o local foi a fonte de sustento da família. Já outros não pretendem sair. 

Há 19 anos trabalhando no mesmo ponto, a cabeleireira, Osmarina Ferreira, 42 anos, mais conhecida como “Marina”, contou que foi pega de surpresa pelo comunicado da administração da rodoviária, informando sobre o fechamento e a retirada dos comerciantes e seus pertences do local. “Estou chocada com a notícia porque eu não tenho outro sustento a não ser daqui. Não tenho de onde tirar outra renda”, contou a lojista e proprietária do local.

A cabeleireira contou que não sabia de problemas de segurança no prédio e que não esperava um fechamento do prédio. Sobre como o futuro, a lojista se emocionou. “Não sei. Acho injusto. É a irresponsabilidade de uma pessoa que afetou todos os lojistas”, disse se referindo a administração do Centro.

A profissional ainda afirmou que os lojistas já não poderiam mais entrar no prédio a partir deste sábado (7). “Eu não tenho como tirar todas as minhas cosias daqui assim”, disse.

Segundo Ferreira, a clientela fiel garantiu o sustento de sua família por todos esses anos, com direito a criar um casal de filhos. Em função desse reconhecimento e para não perder o espaço que ela conquistou, a lojista estava organizando um abaixo-assinado para tentar pedir mais prazo ao Corpo de Bombeiros para entender os motivos do fechamento e, posteriormente, a retirada de tudo. “Vou lutar com todas as minhas forças para isso não acontecer”, afirmou.

Outra lojista e proprietária do prédio, Heloisa Cury, 58 anos, também se disse surpreendia com o fechamento. “Nós fomos pegos de surpresa, mais uma vez”, contou. Ela, que tem comércio no prédio há 40 anos, contou que muitos têm suas lojas como fonte única de renda, o que inclui ela. A comerciante também não cogita a hipótese de sair. “A gente vai tentar não fechar. Vamos tentar ver com o bombeiro agora”, afirmou.Comerciantes prometem não deixar o prédio da antiga Rodoviária

A comerciante também contou que não sabia os motivos da interdição e que não foi avisada previamente do problema. O fechamento, para Cury, é uma derrota. “É uma coisa tão triste porque quando a gente tá conseguindo alguma coisa, vem alguém e nos derruba”, desabafou.

Diferentemente das comerciantes, o aposentado Aucenir Matoso, 71 anos, proprietário de um bar há 30 no prédio, não sabe como retirar seus produtos dentro do prazo estipulado. “O que eu vou fazer? Vou pôr onde?”, desabafou sobre a informação de retirada dos produtos de dentro do prédio.

Depois de mais esse episódio, o aposentado, que já chegou a sustentar a casa com o que ganhava no estabelecimento e atualmente não consegue um lucro maior que R$ 200 por dia, contou que não pretende voltar mais para o local depois de fechar. “Sinceramente, não tenho mais esperança aqui, não sei o que vou fazer”, disse. 

No fim da tarde desta sexta-feira, o Jornal Midiamax voltou ao prédio da antiga rodoviária para conferir se houve alguma retirada de produtos das lojas. A maioria dos estabelecimentos já estavam fechados em função do horário.

Entre os poucos estabelecimentos abertos e operando normalmente, a filha do proprietário de uma conveniência, Tayanara Gomes, 22 anos, explicou que deve sair do prédio, conforme a determinação.”Vamos obedecer a determinação até segunda ordem. Não tem o que fazer, infelizmente”, disse sobre o fechamento. 

A reportagem foi até o escritório da administração da rodoviária para falar com a síndica do local, mas não a encontrou. 

O fechamento

O Centro Comercial Terminal do Oeste, a antiga rodoviária de Campo Grande, será fechado no fim da tarde desta sexta-feira (6), após o condomínio ser notificado pelo Corpo de Bombeiros por irregularidades na segurança no local. Em 2015, o prédio foi também foi interditado e teve que realizar diversas alterações para voltar a funcionar.

Ação no MPE

Um inquérito civil instaurado no começo deste mês no MPE-MS para investigar as condições de abandono e de ausência de segurança na antiga rodoviária de Campo Grande e seu entorno.
As investigações, que tiveram início em agosto do último ano, têm como alvo a Prefeitura de Campo Grande e só foram convertidas agora em inquérito. O MPE-MS quer buscar alternativas para preservação do patrimônio público local e assegurar a segurança da região.

No mês passado, uma audiência pública realizada na Câmara Municipal da capital discutiu a situação da antiga rodoviária.

Fechamento e 2015

A Estação Rodoviária Heitor Eduardo Laburu, inaugurada em 1976 e foi um dos principais pontos de Campo Grande. Com arquitetura moderna na época, abrigava além do terminal rodoviário, conjunto de lojas e duas salas de cinema da Capital.

Em 2010, a rodoviária deixou de funcionar a região passou a ser conhecida pelos problemas sociais do entorno. Em 2015 o prédio também foi interditado pelo Corpo de Bombeiros por questões de segurança. No local, os comerciantes reclamam do abandono e dizem que mal conseguem se manter com o baixo fluxo de clientes.

[Matéria editada às 18:57 para acréscimo de informação]

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