#CG119 anos: 10% da população de Campo Grande já está aposentada
O aumento da expectativa de vida do brasileiro está fazendo crescer o contingente de aposentados no país. O fenômeno, resultante de um fator positivo, traz sérios impactos na economia, mas já é usado como parâmetro para indicar o desenvolvimento de um estado. Em mais uma reportagem especial em comemoração aos 119 anos da cidade, o […]
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O aumento da expectativa de vida do brasileiro está fazendo crescer o contingente de aposentados no país. O fenômeno, resultante de um fator positivo, traz sérios impactos na economia, mas já é usado como parâmetro para indicar o desenvolvimento de um estado. Em mais uma reportagem especial em comemoração aos 119 anos da cidade, o Jornal Midiamax traça um perfil dos aposentados.
Apesar de ter um dos maiores índices de Mato Grosso do Sul, Campo Grande ainda tem um número de aposentados abaixo da média nacional. Em 2017, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) pagou cerca de 54 mil aposentadorias e dados de 2010 do Sisgran (Sistema Municipal de Indicadores Georreferenciados para o Planejamento e a Gestão de Campo Grande) revelam que os idosos representavam uma parcela de 9,9% da população da Capital, com 78.231 pessoas com 60 anos ou mais. Segundo dados do Pnad de 2016, a média de idosos no Brasil é de 14,4%.
Apesar de estar abaixo da média nacional, os dados da Capital mostram um crescimento contínuo da população idosa. Em 1970, o município tinha 6.391 pessoas com mais de 60 anos, o que equivalia a 4,5% da população. Em 2010, esse número saltou para 78.231 idosos, ou 9,9% da população.
De acordo com o INSS, a média do benefício dos aposentados por idade no município é de R$ 1.124, enquanto os que se aposentaram por tempo de contribuição ganham uma média de R$ 3.137. Para os aposentados por invalidez, o valor fica em R$ 1.579.
Os aposentados pelo IMPCG (Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande) têm uma média de rendimento maior: os servidores municipais recebem em média R$ 4 mil; o menor valor pago é de um salário mínimo.
Mas, entre os 54 mil aposentados, há casos em que o benefício pode chegar a R$ 20 mil, como os auditores fiscais e procuradores municipais.
Trabalho
Projeção do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Mato Grosso do Sul terá uma população de 22% de idosos e a expectativa de idade chegará a 81 anos em 2060. Isso deve agravar o déficit na Previdência, que hoje já é considerável.
De acordo com o economista Paulo Ponzini, há um déficit na previdência a nível municipal, estadual e federal. “Quando o idoso deixa de ser mão de obra ativa, então alguém precisa de alguma forma gerar renda para que você possa manter estas pessoas com um padrão de vida razoável”. Segundo Ponzini, muitas vezes o valor da aposentadoria não é suficiente, principalmente para os idosos, já que o custo de vida também aumenta.
A aposentadoria por idade é a principal em Campo Grande e tem a média de benefícios mais baixa. É o caso de Euclides Monteiro, de 75 anos, que complementa a renda vendendo café na praça Ary Coelho. Com um salário mínimo de benefício, quase tudo fica no aluguel e ele precisou arrumar uma nova ocupação para ganhar um dinheiro extra. “Agora eu vendo cafezinho aqui na praça, foi o jeito. A gente fica velho e tem mais gastos, com a saúde principalmente”, explica.
Já para Arão Rocha, de 65 anos, o valor da aposentadoria não é um problema. Ex-encanador, Arão se aposentou por tempo de contribuição e hoje trabalha para ter uma atividade e não ficar parado. “Agora eu sou ajudante de pedreiro. Eu acho que a minha aposentadoria é boa, eu consigo pagar as minhas contas, mas ainda trabalho para ocupar a cabeça”, disse.
Para quem já foi fazendeiro e comerciante, o valor da aposentadoria não é problema, como é o caso de Carlindo Feitosa, de 82 anos. Carlindo mora sozinho e afirma que vive bem com o benefício que recebe. “Eu tenho minha casa, carro, meus filhos estão formados e bem-sucedidos, sempre que posso viajo, não tem como reclamar”.
Como é viver em Campo Grande
Com a projeção de crescimento do número de idosos no estado e, consequentemente na Capital, fica a pergunta: Campo Grande é uma boa cidade para os aposentados? Apesar de algumas questões a melhorar, Campo Grande é apontada como um bom lugar para morar.
O lazer é uma reivindicação comum entre todos os idosos entrevistados pelo Jornal Midiamax, já que, com a idade, ele deixa de ser apenas um luxo e se torna uma necessidade. “A gente fica velho e precisa ocupar a cabeça, ficar sozinho é triste demais. Eu venho aqui na praça, converso com meus amigos, vou a bailes, tomo minha cerveja, tenho muitos amigos”, afirma Carlindo.
Locais como o Centro de Múltiplas Referências e Convivência do Idoso Vovó Ziza são apontados como referência e um exemplo a ser reproduzido. Euclides conta que o centro de convivência do idoso é uma ótima opção e que a Praça Ary Coelho também já foi um local de lazer, mas o cenário começa a mudar. “Os idosos têm evitado [a praça] devido à presença de dependentes químicos. Eles estão mais presentes aqui, às vezes chega um bêbado, pedem dinheiro, querem entrar no jogo dos velhos, aí não funciona”, diz.
A aposentada Anorita Leite, de 77 anos, mora na Capital há um ano, mas conta que já se apegou à cidade. Para ela, o principal problema é o atendimento de saúde, já que enfrenta dificuldades para se consultar na unidade de saúde mais próxima de casa. “Eu sempre vou na UBS Vida Nova, que fica mais perto, só que é uma luta para ser atendida. Nunca tem médico, os remédios estão sempre em falta”.
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