Bullying em escola de MS vai parar na Justiça e psicóloga orienta diálogo para resolver o problema
Suposto caso de bullying em uma escola particular de Dourados foi parar no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul após um dos alunos pedir transferência para outra instituição. Nos autos do processo, os responsáveis alegam que o filho foi alvo de preconceito, provocações e até agressões físicas. De acordo com o advogado da […]
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Suposto caso de bullying em uma escola particular de Dourados foi parar no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul após um dos alunos pedir transferência para outra instituição. Nos autos do processo, os responsáveis alegam que o filho foi alvo de preconceito, provocações e até agressões físicas.
De acordo com o advogado da família do aluno, de 11 anos, a situação foi à tona na metade deste ano quando, no período do intervalo, o garoto teria recebido um soco no olho de um colega de turma.
As provocações teriam continuado durante os momentos em os alunos estariam no recreio onde, supostamente, o garoto fazia brincadeiras de mau gosto, imitações e “dancinhas”. O advogado também alega, de acordo com o processo, que a mãe do adolescente responsável pelas supostas provocações teria ido até a sala da diretoria e, diante da situação dos alunos, dito que o colégio teria que escolher entre um dos dois.
Após alguns dias, durante um jogo de futebol entre a classe, o garoto vítima do suposto bullying teria acertado duas “boladas” no colega que o perturbava. Os pais foram chamados na diretoria e informados que o filho havia sido suspenso por 5 dias por ter xingado os colegas de turma. Segundo a família, ‘sem chances de acordo’.
O pai alega no processo que, após a atitude da coordenação, o garoto foi transferido para outra Instituição de Ensino e teria recebido diversas mensagens de zombaria no telefone do outro colega. O bullying teria, de acordo com os responsáveis pelo adolescente, resultado em fobia social e repentina queda de desenvolvimento escolar.
“Quando meu garoto levou um soco, nada foi feito porque a diretora disse que era coisa de crianças. No jogo de futebol onde ele acertou duas boladas recebeu suspensão e então o agressor ficou falando que venceu,” alega o pai.
A situação de bullying nas escolas é tratada por especialistas como um problema crônico na sociedade moderna. Antigamente, o problema era tratado como “brincadeira boba” entre crianças e adolescentes, mas, de uns anos pra cá, pais, educadores e governo perceberam que a atitude é um problema que deve ser tratado e debatido por acarretar sérias consequências nas vítimas.
Adolescentes e jovens são os mais susceptíveis à praticar o bullying por estarem em um período de formação e necessitarem, mais do que os adultos, de autoafirmação e aceitação na sociedade. Entretanto, a prática também pode ser observada nos primeiros anos letivos quando uma criança, por exemplo, impede a outra de participar das atividades.
Como agir
Valéria Rezende da Silva, autora do livro “Bullying Não é Brincadeira”, garante que a prática sempre existiu, mas, pelo momento atual de ética enfraquecida, os valores estão distorcidos e a ausência dos bons exemplos fomentam as agressões. Em entrevista ao Jornal Midiamax, a psicóloga disse que um agravante é a distância dos pais com os filhos, que atribuem total responsabilidade à escola.
A primeira atitude a ser tomada pelos responsáveis da vítima é, de acordo com a especialista, ir até a Instituição de Ensino e comunicar os fatos para a direção. Em hipótese alguma os pais do praticante ou o próprio aluno deve ser diretamente procurado. Toda e qualquer reclamação, ainda conforme a especialista, deve ser registrada e assinada pelos envolvidos.
À escola cabe prestar atenção nas atitudes dos estudantes e identificar a prática o mais cedo possível. Valéria conta que o praticante do bullying, na sua maioria, aproveita de uma situação escondida contra o mais frace; raramente o bullying é feito na frente dos professores.
Logo que identificado, a psicóloga orienta os profissionais a acompanhar o caso e não levar a situação como “brincadeira de criança”. Nesses casos, conforme a escritora, conversar é a melhor maneira de coibir a prática dentro da sala de aula.
Colocar vítima e praticante frente a frente, como supostamente foi feito no caso da Escola de Dourados, nem sempre é o mais recomendável, já que a vítima é emocionalmente mais fraca e pode começar a chorar.
O agressor também merece uma atenção especial. Estudos apontam que o problema pode estar relacionado ao convívio dentro de casa e os pais devem ficar atentos para conversar e explicar os malefícios do bullying. Caso não surja efeito, a psicóloga orienta que a escola chame novamente os pais para outras conversas sobre o problema a fim de evitar que o bullying traga consequências no futuro.
“Se o agressor não for punido, ele pode se tornar um marido agressivo ou um chefe horroroso pois ele acha que pode fazer tudo.”
Danos psicológicos
O pai do garoto agredido contou sua versão dos fatos e afirmou que o episódio gerou danos psicológicos no filho. O homem relata aos prantos que os garotos eram amigos, mas uma briga no colégio mudou o rumo da história.
Ele conta que, após o soco, a coordenadora da escola chamou os pais e disse que não tomaria atitudes porque era “coisa de criança e logo voltariam a brincar novamente”.
O pai reconhece que errou procurando a mãe do outro aluno para, segundo ele, pedir que a mulher conversasse com o filho a fim de encerrar o desentendimento entre os dois adolescentes. Diante da negativa, a mulher ainda teria dito que não ia conversar com o garoto porque “o filho dela era um lord, um anjo de candura”.
Foi neste momento, conforme relato do pai, que a mulher pediu para a diretoria da escola escolher entre um dos dois alunos.
“Ela entrou berrando no pátio, chamou meu filho de diabo e mandou a diretora do colégio escolher entre meu filho ou o dela.”
O pai assume que, apesar de ser comunicativo, o comportamento do filho mudou drasticamente na nova escola. A mudança fez com que o adolescente demorasse para se readaptar aos novos colegas de classe e para voltar ao convívio social.
O impacto e desgaste emocional fizeram com que a mãe do adolescente também procurasse ajuda para aprender a lidar com o bullying e perseguições supostamente sofridos pelo filho.
“Balançou toda a minha família. Quando recebeu as mensagens (de Whatsapp) com os xingamentos, meu filho veio me mostrar revoltado com o que o garoto continuava a fazer com ele. Foi horrível. Não consigo nem descrever o meu sentimento e volto a chorar toda as vezes que lembro de tudo que ele passou”, conta.
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