Tragédia em MS: afinal, quais os riscos de usar celulares durante tempestades?
Desde que os telefones celulares foram incorporados à rotina das pessoas, um dos costumes mais comuns é andar com o carregador para onde for. E, mesmo enquanto a carga da bateria é restabelecida, frequentemente usuários seguem utilizando o aparelho. O que poucos sabem é que este hábito apresenta sérios riscos – de choques elétricos, explosão […]
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Desde que os telefones celulares foram incorporados à rotina das pessoas, um dos costumes mais comuns é andar com o carregador para onde for. E, mesmo enquanto a carga da bateria é restabelecida, frequentemente usuários seguem utilizando o aparelho. O que poucos sabem é que este hábito apresenta sérios riscos – de choques elétricos, explosão e incêndios – principalmente durante tempestades com raios.
De acordo com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Brasil é o país com maior incidência de raios no mundo, com cerca de 50 milhões de raios por ano. Somente na tempestado do dia 1º, estima-se que cerca de 50 mil raios tenham incidido somente em Mato Grosso do Sul.
A morte de um jovem de 23 anos em Rio Verde no último sábado (3) é um dos piores exemplos das consequências do uso inadequado de telefones celulares durante tempestades. O rapaz sofreu descarga elétrica enquanto utilizava o aparelho conectado à tomada durante um temporal e não resistiu a uma descarga elétrica. Por mais que pareça fatalidade, o caso pode ser mais comum do que se imagina.
“Quando utilizamos o celular conectado à tomada, estamos criando mais um ponto de possibilidade de choque elétrico. Isso vai variar de acordo com a qualidade da instalação elétrica do local onde se está, como da procedências dos carregadores utilizados”, explica ao Jornal Midiamax o engenheiro eletricista Rodolfo Acialdi Pinheiro, coordenador do Centro de Operações Integrado da Energisa.
Segundo ele, tempestades com raios aumentam riscos de descargas. Porém, as possibilidades de tragédias envolvendo aparelhos eletrônicos – não só celulares – ocorrem diariamente, o tempo inteiro. É onde entra a importância de seguir recomendações de segurança em situações cotidianas.
Recomendações
A principal orientação – e que é basicamente ignorada por quem tem celular – é nunca utilizar o aparelho enquanto a bateria estiver carregando. O hábito, que já é largamente incorporado na rotina dos usuários, aumenta os riscos de descargas elétricas com consequências fatais, e não só durante as tempestades.
“Se o local, seja residência, indústria ou estabelecimento comercial, não tiver uma boa instalação elétrica, esse risco de descarga já aumenta. E pode piorar caso o usuário esteja utilizando carregadores paralelos, sem certificação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), destaca Pinheiro.
Deixar o celular carregando à noite e próximo ao corpo também aumenta a exposição aos riscos, principalmente se estiver próximo ao travesseiro.
“Considerando os fatores, há probabilidade maior de explosão, porque o aparelho vai naturalmente esquentar durante o carregamento, pois existem componentes das baterias que aquecem durante o ato. Os travesseiros, portanto, vão abafar a dissipação desse calor e se o telefone esquentar demais, pode explodir e causar uma tragédia”, detalha.
Outro fator muito importante é sempre utilizar carregadores certificados pelo INmetro, cujo selo garante a qualidade do equipamento. “Ninguém sabe qual a qualidade de um carregador falsificado, por isso devemos sempre procurar os certificados”, alerta Pinheiro.
Também é preciso ser criterioso no planejamento e na execução dos serviços elétricos, que oferecem sérios riscos à pessoas sem a habilitação necessária. “O projeto da instalação elétrica de um casa, se executado por um profissional qualificado, vai reduzir muito os riscos de descarga elétrica, explosões e incêndios. Não basta aterrar a residência, isso pode até aumentar o perigo se for mal executado”, explica o engenheiro.
O aterramento, para ser eficiente, precisa levar em consideração o tipo de solo, a capacidade de descarga elétrica, além do melhor local para instalação. “O que a gente vê é que as pessoas enterram uma haste elétrica e conectam a um fio de cobre, mas é muito mais complexo que isso”, afirma.
Assistência às vítimas
Em situações de descarga elétrica, a reação mais instintiva de quem presencia acidentes é tentar socorrer. É onde mora o erro, pois muitas vezes a vítima ainda está sofrendo a descarga e quem tenta ajudar também vai se acidentar.
“A primeira coisa a fazer é acionar o Corpo de Bombeiros pelo 193, para que eles possam fazer esse socorro com segurança. Posteriormente, deve-se ligar para a concessionária de energia, para que os técnicos identifiquem se há alguma anomalia no sistema elétrico da região”, conclui.
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