Será a quinta edição do encontro

Centenas de mulheres indígenas devem se reunir entre 18 e 22 de setembro na Kuñangue Aty Guasu, a grande assembleia das mulheres Kaiowá e Guarani. A quinta edição do encontro, que reúne indígenas das aldeias, acampamentos e áreas retomadas da região Sul do Conesul do Estado, será realizada na Terra Indígena Kurusu Amba, na região de Coronel Sapucaia –cidade a 380 quilômetros de Campo Grande.

O Aty Gussu é a grande assembleia dos povos guarani e kaiowá, porém, é liderada pelos homens mais velhos. No Kuñangue, as mulheres vão poder falar e escolher suas lideranças. No encontro, além da questão demarcação de terras indígenas, as mulheres vão tratar da violência doméstica.

Mulheres Guarani-Kaiowá vão discutir violência e luta por terra em assembleia

Uma das lideranças, a rezadora Alda Silva, diz que têm coisas que os homens que são lideranças não querem resolver, como casos de violência doméstica. “Quando o marido começa a ser violento, vem batendo, alguma coisa assim, e alguém leva para a autoridade dos homens, dos índios, às vezes ele não querem fazer nada. Às vezes o índio tem autoridade, mas tem o mesmo caráter daquele homem. Por isso que a mulher procura a mulher”.

Outra realidade apontada por Alda é das mulheres que querem trabalhar, mas são barradas pelos maridos. “Muitas mulheres querem trabalhar, mas só que na realidade os maridos não querem que elas trabalhem. Acontece de uma mulher apanhar, o marido bater ou o marido ficar estuprando talvez a enteada, alguma coisa assim, e ela queria fazer alguma coisa e não pode. Fica amarrada. Então se tem a liderança, tem a representante, ela vai lá falar com ela, e ela tem que falar, tem que resolver o caso daquela pessoa”, diz.