Problema é registrado em cidades do interior

Ônibus velhos e a diferença entre o calendário letivo das escolas das redes municipais e estaduais de ensino em Bandeirantes e Rio Verde, ambos os municípios na região norte de Mato Grosso do Sul, deixaram alunos sem transporte escolar nos primeiros dias de aula.

Em Bandeirantes, a 68 quilômetros de Campo Grande, o ano letivo da Rede Estadual de Ensino teve início no último dia 13, porém, os ônibus escolares não estavam disponíveis. “As aulas começaram e os alunos simplesmente não tinham como ir para a escola”, relata uma mãe, que prefere não se identificar. 

De acordo com as informações, os ônibus começaram a circular na segunda-feira (20), quando começaram as aulas da Rede Municipal. Pais de alunos afirmam que os veículos apresentaram problemas durante o transporte dos estudantes. “Os ônibus quebraram e os alunos ficaram horas nas estradas”, destaca.

A precariedade do transporte escolar no município foi informada em matéria publicada em março de 2016. Na ocasião, o vice-presidente da Associação Roda Vida, Ezequiel Pero Moura, disse que os ônibus estavam  com latarias amassadas, estofamento rasgado, manutenção irregular e sem placa dianteira. 

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax conversou nesta quarta-feira (22) com a secretária de Educação de Bandeirantes, Clarinda Ângela da Silva Moreira, mas, depois de falar a respeito do assunto, ela disse que as informações só poderiam ser publicadas com permissão do prefeito Álvaro URT (DEM), que não autorizou as declarações. 

Precariedade – 

Em Rio Verde de Mato Grosso, distante 194 quilômetros da Capital, o problema do transporte escolar se repete. “O negócio aqui está bem bagunçado e a situação só piora. Neste ano já começamos com os ônibus escolares fundindo os motores. Não melhoram o transporte coletivo do município”, observa Antonina Cândido de Mendonça, que representa os pais de alunos da região. 

Morando em uma fazenda a 35 quilômetros da cidade, Enilda Ferreira dos Anjos, de 42 anos, relata as dificuldades para manter o filho, de 13 anos na escola. 

“Meu menino sai de casa às 4h15 e chega depois das 14h30. Teve um dia que o ônibus estragou e ele chegou em casa depois das 16 horas. Essa situação é uma falta de  humanidade, desrespeito com as crianças. Os motoristas almoçam em casa e os nossos filhos só comem quando chegam da escola. A gente tenta conversar, mas estamos abandonados, não temos a quem recorrer”, lamenta.

Mário Alberto Kruger (PSC), prefeito da cidade, admite o problema no transporte coletivo. “Os ônibus escolares percorrem cerca de 2.200 quilômetros diariamente. Temos 135 pontes, 40 pinguelas e com essas chuvas os veículos deterioram. Nossas estradas estão em péssimas condições. Queremos arrumar, mas tem de parar de chover. 

Com frota velha e diferença em calendário, ano letivo começa sem transporte escolarO prefeito confirma que algumas crianças chegam em casa 12 horas depois do horário que saem para as escolas, no entanto, assegura que o município oferece as refeições durante esse período. “Aos que estudam cedo, damos o café da manhã, lanche e almoço. Os que chegam à tarde, almoçam, lancham e jantam. Nos responsabilizamos com todos os alunos da rede municipal, mas já os do Estado não é da nossa competência”, frisa.

Segundo o Kruger, o município conta com 15 ônibus escolares que atendem cerca de 230 alunos da rede estadual e outros 140 do município. Do total de veículos, quatro devem ser substituídos em pouco menos de 30 dias e está prevista a compra de outros três novos veículos, porém, o prazo de aquisição não foi definido.