Passageiros denunciam empresas por ‘esconderem’ ônibus novos na Capital
Na Viação Morena havia 4 veículos dos modelos novos parados
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Na Viação Morena havia 4 veículos dos modelos novos parados
Passageiros e trabalhadores do transporte coletivo em Campo Grande denunciam as empresas por supostamente ‘esconderem’ veículos mais novos e maiores e deixar ônibus pequenos e mais velhos nas linhas troncais. Usuários sofrem com lotação e atrasos, e motoristas enfrentam jornadas de trabalho mais desgastantes em decorrência da manobra.
Segundo as denúncias, veículos articulados do tipo ‘BRT’, que foram adquiridos em 2012 e apresentados com pompa para a cidade, estariam guardados nas garagens das empresas porque consomem mais combustível e um aditivo especial para diminuir a poluição nos veículos mais modernos movidos a diesel.
Enquanto isso, as linhas troncais, que ligam terminais e passam pelo centro, ficam com ônibus mais velhos e menores, inadequados para o perfil dos trajetos.
Nas ruas, os passageiros que pagam uma das tarifas mais caras do Brasil, já notaram a manobra. Ana Conceição Cabral, de 54 anos, manicure, conta que usa o transporte coletivo diariamente e há muito tempo já não vê os ‘articulados mais novos’ circulando. “O bonitão sumiu. Se não me engano deve ter só uns 3 andando. Antes tinha bastante e eles eram mais confortáveis, mas agora só tem o simples”, lamenta.
A estudante Daniele Manoel Grance, de 16 anos, também diz que faz horas que não encontra um ‘BRT’. “Dificilmente a gente vê”, diz.
A açougueira Isadora de Souza de Araújo, de 22 anos, diz que os ônibus sumiram e o que é ofertado aos usuários é uma porcaria. “O serviço é um lixo. A passagem é cara. A estrutura é ruim. Antes ainda tinha os ônibus grandão, que são mais confortáveis, agora a gente não vê mais, sumiram”, diz.
Entre trabalhadores, o assunto é evitado. Ninguém quer se expor temendo represálias nas empresas. No entanto, fiscais que acompanham as tabelas das linhas diariamente confirmam a denúncia. “Se vocês pegarem lá na Agetran vão confirmar que eles guardaram os BRTs, quem sofre são os colegas motoristas e os usuários, mas eu não posso falar disso. Dá rolo”, desconversou em um dos terminais.
Em postagem em um blog que reúne informações sobre o transporte coletivo em Campo Grande sem vínculos oficiais, a denúncia já foi assunto. Segundo o que foi publicado, as empresas de ônibus não estão usando os articulados, ou seja, os modelos BRT, porque eles gastam mais combustível e exigem o uso do ARLA 32 para diminuir a poluição.
Nas garagens das empresas, ninguém quer falar. O Jornal Midiamax foi conferir nos pátios das concessionárias e flagrou, em pleno meio da manhã desta sexta-feira (26), na Viação Morena, 4 veículos, dos modelos novos, parados. Exatamente como diz a denúncia: “a quantidade de veículos articulados na cidade diminuiu, muitas linhas e tabelas foram cortadas, muitos carros usados entraram na “renovação” de frota, entre outros. Ainda é possível ver com certa frequência os BRTs rodando, frequência menor do que deveria, mas ainda se vê, exceto 4 deles, os BRTs da Viação Cidade Morena. Desde dezembro que estes 4 ônibus, com preço próximo a 1 milhão de reais cada, não saem da garagem”.
Na garagem da Viação São Francisco não foi possível a verificação visual, porque a estrutura é toda fechada. Já no pátio da Jaguar, vimos três ônibus articulados estacionados, mas do modelo antigo.
Silêncio
Ninguém nos locais quis conversar com a reportagem. A equipe entrou pela rua lateral e fotografou os veículos estacionados. Da mesma forma que a equipe fotografou o local, funcionários da Viação Morena fotografaram o carro e a equipe de reportagem em tom intimidador. Entretanto, se negaram a conversar.
Outro problema, conforme o blog, é que os articulados que estão em uso tiveram a fabricação proibida. Além disso, as empresas estão usando ‘carros curtos’, como são chamados os coletivos menores, ideais apenas para uso nos bairros, em linhas alimentadoras.
Conforme o que chegou ao jornal, a ordem de serviço das concessionárias, é de que a linha 87, por exemplo, deveria operar somente com articulados dia de semana, no horário comercial e em caso da falta de articulados, operar com 2 veículos convencionais em uma tabela. O que não está acontecendo.
A falta de veículos não é desculpa, já que na garagem foi fotografado pelo jornal, 4 veículos BRTs parados. A informação é que a Viação Morena, possui 10 articulados em sua frota, mais do que o suficiente para atender as 7 tabelas que rodam o dia inteiro, tendo reservas para fazer os reforços da manhã. Porém a empresa, não solta somente carros articulados na linha, substitui as tabelas por um único veículo convencional e sempre que solta os articulados, solta seus modelos mais antigos. Ninguém na garagem quis conversar com a reportagem.
Já a Prefeitura, que por meio da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande), deve fiscalizar e regular o serviço público não respondeu nossos questionamento em relação à denúncia.
A reportagem perguntou o número de ônibus BRTs que estão rodando na cidade e se estes condizem com o que foi acordado no processo licitatório? Fo questionado ainda qual a frota da cidade? Destes, quantos ônibus são articulados? Se os articulados são usados para linhas alimentadoras? Quais são essas linhas? Se os articulados não seriam melhores para outras linhas, já que cabem mais pessoas?
Qual a idade média dessa frota de articulados e da frota geral? Quando os articulados chegaram a cidade? E se os articulados gastam mais combustível e se isso encarece a manutenção?
Nenhum dos questionamentos foi respondido até a publicação da matéria. As perguntas foram encaminhadas tanto à prefeitura, quanto ao Consórcio Guaicurus.
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