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Cotidiano

‘Novela sem fim’: casas no Vespasiano Martins estão até sem vaso sanitário

ONG responsável é acusada de abandonar projeto
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ONG responsável é acusada de abandonar projeto

Em mais um ‘capítulo’ da ‘novela’ que envolve a ONG (Organização Não Governamental) Mohrar – organização social – ,responsável pela ‘orientação’ no processo da construção das casas do ex-moradores da favelaCidade de Deus, a comunidade que agora vive no loteamento Vespasiano Martins reclama da estrutura ‘mal’ construída das casas e da demora para finalizar o ‘acabamento’. Imagens do interior de algumas residências indicam ausência de sistema elétrico, de encanamento, além de vazamentos.

Denúncias como telhados cedendo também são recorrentes, conforme explicou Mariana Gonçalves, 24, moradora do Vespasiano, um dos 4 loteamentos onde algumas pessoas que viviam na favela foram realocadas. Mariana, que é liderança na comunidade, explica que a prefeitura, após uma reunião junto ao diretor da Mohrar, Rodrigo da Silva Lopes, estipulou o dia 5 de agosto, nesta sexta, para finalizar a estrutura das casas. Encarregados pela própria ONG para ‘auxiliar’ os moradores a construírem, os trabalhadores alegam que não tem ‘dinheiro’ para trabalhar.

“Tem famílias que não conseguiram entrar ainda porque não tem instalação elétrica nenhuma, fio nenhum e falta instalar vazo, chuveiro, essas coisas assim entendeu, os acabamentos. E daí eu conversei com a prefeitura, conversei com na Dona Amparo e ela pediu um prazo pra mim, que seria até o dia primeiro de agosto. Daí chegou o dia primeiro e nada. Eu liguei pra ela e ela pediu mais um prazo pra mim que seria dia 5, que seria hoje, e hoje mais uma vez: nada. Daí os moradores querem entrar pra dentro das suas casas, eles estão indignados. Jajá chega a primeira parcela aí pra pagar e até agora nada”, contou Mariana.

Mariana alega que os ‘funcionários’ da ong afirmam não ter mais dinheiro. “Eles falam que não tem dinheiro, que estão repassando para a prefeitura e aí fica uma discussão sabe, fica uma coisa até chata, eles falam pra gente que a gente vai acabar se prejudicando se bater de frente com eles e aí começa toda a confusão”, conta.

O projeto do ‘sistema mutirão’, no entanto, não prevê que outras pessoas trabalhem na construção e sim que uma pessoa responsável oriente e auxilie os moradores para que construam as próprias casas.

Mariana Gonçalves (Luiz Alberto)Mariana também afirma que Rodrigo teria sido questionado pela prefeitura em uma reunião. “A gente conversou com a prefeitura e a prefeitura colocou o Rodrigo na nossa frente, a gente conversou na frente dele. Perguntei na frente dele se a prefeitura teria alguma coisa pra repassar pra Mohrar, e ele falou que não. E aí a prefeitura falou: ‘então por que que essas casas não estão concluídas? Eu quero um prazo até o dia 5 de agosto’. Foi o que a gente conversou lá, e mais uma vez foi só promessa”.

A prefeitura contratou os serviços da Mohrar em orçamento estipulado e publicado em Diário Oficial no valor de R$ 3,6 milhões para a construção de 300 casas. Ainda de acordo com a liderança da comunidade no Vespasiano, há incerteza a respeito de parte do dinheiro. “A prefeitura vetou porque queria saber do resto dinheiro. Queria um relatório do que ele teria feito, então ele tava prestando conta ainda pra prefeitura do que ele fez com o restante do dinheiro. Porque ao invés dele terminar aqui ele mandou o resto para a Cidade de Deus e pro Jardim Canguru”.

Estrutura precária

O auxiliar de mecânica, Allef Christian Gomes Alonso, 22, caminha entre a casa, que espera para ser finalizada, e o barraco improvisado ao fundo, já que a família de três pessoas ainda não pode usufruir do espaço que ajudou a construir. Vazamento, banheiro por terminar e ausência de estrutura elétrica são visíveis no interior da ‘residência’.

 

O barraco nos fundos da casa (Luiz Alberto)

 

 

“Fica nessa indecisão, não pode entrar na casa, tudo vazando, banheiro incompleto. Reclamei, o responsável, João, veio aqui, falou que ia estar aqui na segunda e hoje é sexta e nem apareceu aqui. Falou que ia chegar material e nada”, reclama.

Mariana também critica a qualidade das casas. “Tem casa aí que o telhado está cedendo porque o madeiramento está caindo, até apresentei isso pra prefeitura. Falei: ‘a minha casa o madeiramento cedeu, as ripas e o telhado estão caindo, tem vazamento’”.

 

Allef mostra o vazamento na casa (Luiz Alberto)

 

 

O jornal Midiamax tentou falar com o presidente da Mohrar, Rodrigo da Silva Lopes, mas não obteve resposta.

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