No aniversário da rebelião da máxima, ‘ex-refém’ trabalha na ressocialização de presos
Este ano, conflito completa dez anos
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Este ano, conflito completa dez anos
A tensão que se acumula durante o Dia das Mães nos presídios de Mato Grosso do Sul também tem como pano de fundo a rebelião de 14 de maio de 2006, também um domingo voltado para a data, há dez anos atrás. Durante a manhã de hoje (8), várias esposas, mães e crianças se aglomeraram na parte da manhã nos presídios da Capital, aguardando para fazer a tradicional visita, levando comida e mantimentos para uma refeição em família. Mas naquele 14 de maio, o “Salve Geral” orquestrado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), deixou rastro de destruição e muita violência no Dia das Mães.
O agente religioso, como se identifica, Nilton Alves de Souza, foi refém no Presídio de Segurança Máxima naquele dia. Ele se recorda que foram 27 horas de tensão e muito medo. “Eu trabalho com missão atrás das grades desde 1984, então é uma emoção para mim estar aqui hoje e lembrar do dia da rebelião. Fico vendo as mães aqui, prontas para visitarem seus filhos, e continuo acreditando que a ressocialização é a melhor resposta contra a violência”, acrescenta ele.
No dia da rebelião há dez anos, ele foi o único pastor religioso que acabou ficando entre os reféns. Ele afirma também ter sido refém anos antes no regime semiaberto do antigo Cadeirão Baianão, onde também realizava um trabalho com os presos. Nilton opina que se hoje a comemoração dos presos junto às mães tivesse sido cancelada, como foi ameaçado acontecer após a paralisação dos agentes penitenciários que terminou ontem (7), com um acordo de reajuste com o governo, com certeza poderia ser estopim de uma nova rebelião. “Isso me preocupou muito pois teríamos vítimas, confusão, problemas. O Dia das Mães faz parte da ressocialização, promove o reencontro e a conciliação entre muitas mães e seus filhos”, acredita.
O domingo do dia 14 de maio de 2006 parecia um momento tranquilo, onde agentes penitenciários organizavam mais uma visita nas prisões de Campo Grande e Dourados. A calmaria deu espaço à uma tensão sem precedentes, quando o PCC ordenou um “Salve Geral” em penitenciárias de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Paraná e aqui no Estado. Foram 30 horas de negociação com a polícia e destruição material nos presídios locais.
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