Com trabalho análogo à escravidão, sindicato fecha cerâmica tradicional em MS

Ministério do Trabalho foi acionado em março e até o momento nada fez

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Ministério do Trabalho foi acionado em março e até o momento nada fez

Empregados sem receber há dois meses, com 13º atrasado até agora, FGTS atrasado e sem condições mínimas como falta de equipamentos de segurança. Essa é a realidade dos funcionários da Cerâmica Fênix, localizada em Rio Verde de Mato Grosso – cidade a 208 quilômetros de Campo Grande.

Uma funcionária, que pediu para não ser identificada, diz que a situação é precária. Segundo ela, os problemas de falta de pagamento já extrapolou o limite de todos e há quem esteja passando fome. “Na minha casa a coisa está feia, mas tem colega que está sem ter o que comer. Tem gente que entra no RH (Recursos Humanos) e sai chorando, porque ouve mais uma vez que não tem dinheiro e não sabe o que fazer”, diz.

Ela ainda conta que a falta de equipamentos de segurança é regra. “Não tem equipamento de segurança, a gente trabalha do jeito que vem de casa”, diz.

A situação é tão complicada e os relatos contantes que o sindicato já havia tentado acordo, mas sem cumprimento das medidas estabelecidas entre trabalhadores e patronato, diz não ter visto outra saída senão o manifesto. Hoje a Sintracom (Sindicato dos Trabalhadores nas Indús5trias da Construção e do Mobiliário de Campo Grande) fechou a entrada da cerâmica para que nenhum trabalhador pudesse entrar e aguarda ser recebida pelos patrões.

Presidente da Sintracom, José Abelha Neto, diz que já fez um dossiê com todos os problemas, relatando a situações, que chegam a ser análogas à escravidão, e encaminhou ao Ministério do Trabalho em Mato Grosso do Sul. Contudo, segundo ele, o órgão federativo apenas pediu documentos a empresa e não foi fazer uma vistoria. “A ação de hoje é também uma forma de chamar a atenção das autoridades para o caso”!, diz.

O Jornal Midiamax procurou respostas no Ministério do Trabalho em Mato Grosso do Sul, mas nem no gabinete do superintendente, nem na área de fiscalização, souberam informar algo a respeito. O Jornal tentou contato com quatro funcionários diferentes e nenhum soube informar nada.

A Cerâmica Fênix também foi procurada, mas no número disponibilizado no site ninguém atende.

Semiescravidão

Revoltado com a situação que encontrou os trabalhadores, o presidente da Sintracom compara o trabalho à escravidão. Ele diz que a situação é tão precária, que trabalhadores atuam sem respeito nenhum às legislações trabalhistas. “estão há dois meses em pagar o trabalhador, não depositam os diretivos, 13º atrasado de 2015, trabalhadores sem equipamentos de segurança, sem nenhum respaldo da empresa. Trabalhando de tênis, chinelo, sandália. Saúde e segurança é zero. Empresa que vem causando esses problemas há muito tempo e hoje demos basta”, diz.

Ele conta ainda que o sindicato tentou negociação do 13º , em março, e o acordo seria entrada, mais parcela que acabariam neste mês de maio. “Não depositou nenhuma parcela. Já vinha atrasando os salários, mas atrasava no máximo um mês, agora passou para dois meses. Muitos trabalhadores com conta atrasadas, passando necessidade, tem gente passando fome”, afirma.

“Estão trabalhando em regime de semiescravidão dentro da empresa. Trabalhando em um forno há mais de 900ºC sem equipamentos de segurança, isso é escravidão”, finaliza.

A empresa

No site da empresa, eles se apresentam com a quarta geração no Brasil do ramo cerâmico e líder absoluta na produção de cotto, com mais de 30 anos no mercado.

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