Catadores ficam divididos entre desocupação de favela e cadastros em cooperativa

Filiação é exigência para trabalhar em UTR

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Filiação é exigência para trabalhar em UTR

Aproximadamente 150 catadores de material reciclável já conseguiram cumprir com a determinação da CG Solurb de se filiar a uma cooperativa para trabalhar na UTR (Usina de Triagem de Resíduos), e se tudo correr conforme previsto na reunião desta manhã, na quinta-feira (10) eles podem voltar ao trabalho. O problema é que parte do grupo, que segundo Rodrigo Leon Marques, é de quase 400 pessoas, pode ficar sem emprego por não formalizarem o cadastro, uma vez que estão envolvidos com a desocupação da favela Cidade de Deus.

Na última sexta-feira (4) os barracos foram demolidos e cerca de 400 famílias começaram a ser transferidas para três áreas diferentes. A desocupação se estendeu pelo fim de semana e várias famílias ainda estão em processo de transição de um local para outro.

Segundo Rodrigo, o grupo, que antes trabalhava no aterro sanitário do Bairro Dom Antonio Barbosa, decidiu retomar a Cooperativa Coopersol, que foi fundada em 2012, quando os lixão foi fechado pela primeira vez, em vez de se cadastrarem nas já atuantes na UTR. “Nós já realizamos 165 cadastros até agora, mas lá na porta da Solurb, no dia do manifesto, eram pelo menos 400 pessoas. Então acredito que tenhamos ainda mais associados”, disse.

Segundo a diretora-presidente da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande), Ritva Cecilia de Queiroz Garcia Vieira, atualmente existe 90 trabalhadores na unidade, divididos em três cooperativas, Coopermara, Atmara e Novo Horizonte. “A UTR suporta a demanda, o problema é a organização do espaço físico. Porque entre eles, ficou acordado que cada grupo trabalharia com uma linha de produção (esteira), por isso estamos tentando fazer com o novos catadores dividam-se também entre as que já exitem, para não gerar um desequilíbrio, ou superlotação nas estações”, disse.

Ainda de acordo com Ritva, a parte mais complicada das negociações tem sido justamente a divisão dos grupos em turnos. Por não ter muito conhecimento do funcionamento da usina, alguns não aceitam as sugestões da agência. “Cada cooperativa pode trabalhar em quatro turnos, então eu entendo como perda de produtividade uma esteira ficar parada porque não tem trabalhador. Precisamos equacionar isso e melhorar a divisão dos turnos e isso é o complicado”, esclareceu.

Uma nova reunião para discutir este ponto está prevista para as 7h30 desta quarta-feira (9). Se correr tudo bem, na quinta os catadores que já passaram por capacitação poderão começar o trabalho na UTR. Os que ainda não se capacitaram também vão ter direito a usar a usina, desde que façam cursos de aperfeiçoamento paralelos ao serviço.

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