“Governantes precisam prestar atenção nos pobres”, diz nora
Com falta de ar, Manoel aguardou quase uma semana por vaga em hospital (Foto: Via WhatsApp)
A família do idoso Manoel Francisco da Paz, de 70 anos, que faleceu no dia 2 deste mês está revoltada com a situação da saúde em Campo Grande. Ele ficou 6 dias internado no CRS (Centro Regional de Saúde) Dr. Marcilio de Oliveira Lima, na Moreninha III, esperando uma vaga em hospital da Capital. Para eles, o idoso “só morreu porque houve demora no atendimento”.
A nora de Manoel, Paula Gomes, de 48 anos, é costureira e passou dias cuidando do sogro no CRS. Segundo ela, os médicos suspeitavam de pneumonia, mas não havia raio-x no local para confirmar. O idoso estava com falta de ar, e esperava sentado o atendimento, uma vez que deitava a situação dele piorava.
A equipe de reportagem do Jornal Midiamax acompanhou o caso, e segundo Paula, no mesmo dia que a matéria foi ao ar, dia 21/nov, ele foi transferido para o Hospital Rosa Pedrossian. “A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) mandou um médico ir ao CRS comprovar que meu sogro estava mal, e só por isso transferiram ele. Chegando no hospital, fizeram todos os exames, ele foi medicado. Mas as coisas foram complicando, a pneumonia dele se agravou. Ele teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral), e já não falava muito bem. Na segunda-feira (30), ele foi transferido para a CTI (Centro de Tratamento e Terapia Intensiva) e, no dia 2 ele morreu”, disse.
Segundo Paula, o sogro foi bem atendido no hospital, mas ele já estava mal porque houve demora no primeiro atendimento. “Ele chegou para ser atendido e os médicos do Moreninhas não deram atenção ao caso dele. Um médico chegou a dizer que ia dar alta ao meu sogro. Falaram que ele estava com bronquite, depois, descobriram que era pneumonia. Como assim não tinha raio-x? Devia ter em qualquer centro de pronto atendimento. Ele ficou 6 dias esperando essa tal vaga. Teve gente que morreu na frente dele, e ele ficou ainda pior”, afirma.
“Eu vou morrer aqui né?”, dizia o idoso a nora. Paula acredita que o sogro só morreu por descaso dos governantes. “Esses governantes tem que tomar vergonha na cara. Dentro de posto de saúde é um descaso grande. Só falavam em acionar o MPE (Ministério Público Estadual) para conseguir vaga. A pessoa tem que fazer um escândalo para conseguir algo. Eles precisam é prestar atenção nos pobres, isso sim. Falam que vão fazer alguma coisa pelos pobres e não fazem nada”, reclama ela.
Paula e a família ainda sofre com a perda do sogro. Ela também perdeu o emprego porque passou muitos dias cuidando do idoso no hospital, e agora está desempregada.
A equipe de reportagem do Jornal Midiamax entrou em contato com a Prefeitura, mas até o momento não recebeu retorno.