Gamers garantem que jogos não incitam a violência

Um assassinato na Aldeia Bororo, em (a 225 quilômetros da Capital), causou repercussão nesta quinta-feira (26). O motivo: um adolescente matou o outro com uma facada depois de discutirem enquanto jogavam videogame. A velha polêmica a respeito do conteúdo dos jogos voltou à tona. O Jornal Midiamax conversou com gamers da Capital, que isentaram os jogos.

Jogos não deixam as pessoas violentas

O jornalista Vicenzzo Mandetta, de 25 anos, joga desde criança. Ele relata já ter visto gente ameaçar brigar por causa de jogos, mas não culpa o conteúdo dos games. “Sempre que acontece um caso desses culpam os jogos. Os jogos não deixam as pessoas violentas. Não é porque jogo GTA que vou sair dando porrada e matando gente”, explica.

Para o jornalista, é mais provável que uma provocação tenha causado o homicídio. “Uma hora ou outra a pessoa pode reagir a uma provocação quando perde. Não consigo imaginar o que a vítima fez para desencadear a reação que desencadeou”.

Vicenzzo destaca a importância de lembrar que o videogame é um lazer. “É questão de ter noção que você está jogando pra se divertir e não pra humilhar ou fazer algo tão negativo para a pessoa a ponto dela querer te agredir ou algo parecido”.

Caso isolado

Luiz Felipe Camargo, 25 anos, responsável pela loja da Abraão Games, diz que o caso é isolado. “Senão teríamos gente matando todo dia durante as partidas de videogame”.

O funcionário conta que o caso surpreendeu a todos da Abraão Games. “Estranhamos quando ficamos sabendo. Imagino que tenha outra causa o assassinato. A primeira coisa que fazem é culpar os jogos, é uma forma de escape”.

Para ele, os games proporcionam uma disputa que causa uma rivalidade, mas não a ponto de matar. “Às vezes tem discussões, mas não passa disso. É mais do caráter da pessoa”.

Sociedade violenta

Para o sociólogo Paulo Cabral, o conteúdo do jogo, que não foi revelado, não tem influencia. “É bem provável que houvesse alguma situação pendente, que fosse mais um pretexto. Basta observar a desproporcionalidade da reação. A vítima tentou dar um tapa e levou uma facada”.

Sobre a possibilidade de o jogo ser violento, Cabral é enfático. “Vivemos em uma sociedade violenta. O que passa na televisão aberta é mais violento que os conteúdos dos games”.

O sociólogo reitera ainda o histórico da aldeia nas últimas décadas: o alto número de suicídios e o aumento de homicídios influenciam no comportamento dos jovens. “Estão crescendo em uma sociedade brutalmente violenta”.

Relembre o caso

Uma partida de videogame entre amigos terminou em morte na madrugada desta quinta-feira (26), em Dourados, a 225 quilômetros da Capital.

Segundo o registro policial, um adolescente de 16 anos foi morto com uma facada no peito em casa na reserva indígena da Aldeia Bororo, depois de discutir com o colega, da mesma idade.

O autor do crime fugiu do local, mas foi apreendido em flagrante pela Força Nacional e encaminhado para a Unei Laranja Doce. O adolescente confessou a autoria do crime e alegou legítima defesa.

Segundo a polícia, ele disse que o colega teria tentado agredi-lo com tapas. Para se defender, pegou uma faca e desferiu um golpe no peito da vítima, que morreu no local.  Não há informação sobre qual jogo eles disputavam, nem qual console era utilizado para a partida.