É grande o número de casas para aluguel com focos

Sujas, com matagais e por vezes até com psicinas cheias de água esverdeada, as casas e terrenos abandonadas “chamam” o mosquito Aedes Aegypti e preocupam a população campo-grandense. Em breve levantamento feito pelas ruas, a equipe de reportagem do Jornal Midiamax constatou que quando se trata de foco do mosquito, casas abandonadas, que em muitos casos estão para aluguel, lideram as reclamações.

Morador na Vila Nasser, Ewerton Guimarães, de 27 anos, convive com o problema. “Tem uma casa que faz fundo com a minha que está para alugar já faz muitos anos e ninguém cuida. Matagal, lixo amontoado, tudo que o mosquito da dengue gosta. E os vizinhos que sofrem com isso”.

O jovem conta que os moradores da região já tentaram localizar o vizinho descuidado, já ligaram para o número anunciado na placa de aluga-se, mas não conseguiram resposta. “Uma agente de saúde estava nas redondezas mostrei para ela e ela disse que vai notificar o dono”.

Os terrenos baldios e os arredores das casas abandonadas também incomodam. “Já tem mato alto e ficam jogando lixo em cima ai só piora”, explica Geralda Barbera, de 46 anos. A estudante Thais Maldonado, de 21 anos, faz observação parecida. “O terreno por si só já tem foco de dengue aí se ficarem jogando lixo vai chamar o mosquito ainda mais”.

Criadouros

Morador do Recanto dos Pássaros que não quis ser identificado também reclamou de situação semelhante. Casa desocupada para aluguel na Rua Caturrita, com a piscina esverdeada. “Em plena campanha contra a zika, a dengue e o chikungunya encontro uma casa com criadouro do mosquito. Um absurdo”, reclamou.

A reportagem conversou com a imobiliária responsável, que informou que o inquilino desocupou a residência na semana passada e que irão até o local para averiguar o possível foco de dengue.

No Jardim dos Estados, os vizinhos ficam esperando para ver quem será o próximo a receber a visita do mosquito Aedes Aegypti, já que as piscinas abandonadas em dois distintos pontos da região central de Campo Grande, se tornaram criadouro para o mosquito, e ninguém está autorizado a dar fim no problema, uma vez que elas estão em imóveis particulares.

A primeira reclamação vem de um morador da residência abandonada, nos cruzamentos das Ruas Bahia e Boa Vista. Ele explicou que a casa está fechada a meses, e ninguém consegue falar com os proprietários, para pedir que esvazie a piscina e acabe com as larvas. “É só você bater de porta em porta aqui, e você vai ver que todo mundo já pegou dengue”, reforçou.

O segundo criadouro fica na Rua Eduardo Santos Pereira, entre as Ruas Goiás e Tenente Valdevino. Lá, a situação é ainda mais critica, porque do lado do imóvel abandonado, tem uma escola. “Faz muito tempo que está assim e ninguém sabe quem é dono. O risco para as crianças e para todos nós é muito grande. Alguém tem que dar um jeito”, reclama moradora.

E a Prefeitura?

Na segunda-feira (9), a Prefeitura de Campo Grande conseguiu alvará da Justiça para entrar nos imóveis abandonados, devido à epidemia de dengue que a cidade está passando. A data para começar os trabalhos ainda não foi definida.

A Prefeitura declarou que apesar da decisão judicial que a autoriza a entrar em imóveis fechados, a situação varia. No caso de residências que estão para aluguel, a responsabilidade é da imobiliária que está locando o imóvel.

Epidemia

Campo Grande está em epidemia de dengue, com 7.614 notificações, sendo 3.819 confirmados, cinco com o tipo mais grave da doença e três mortes até agora. O trabalho é para evitar uma “tríplice epidemia”, já que o Aedes transmite, também, a febre chikungunya e a zica. Até o dia 4, foram 65 notificações de chikungunya. Apenas um foi confirmado. O zika por sua vez, aumenta o número de notificações diariamente. Até agora já são 75 casos suspeitos, nenhum confirmado, devido ao tempo de análise das amostras, entre 30 e 40 dias.

Por causa da epidemia de dengue, o Exército está colaborando com a estrutura de combate, inclusive com hospitais de campanha.