O local está no cronograma da Secretaria de Obras, mas a prioridade é dos bairros mais prejudicados pela chuva da última quinta-feira (26)

O cenário na rua Alcindo J. Chagas, no bairro Aero Rancho, há quase um ano é composto por mato, terra e cascalho. Para os moradores, isso não seria um problema tão grande se os três “integrantes” não estivessem invadindo a rua, dificultando a passagem dos carros, e roubando o espaço do campo de futebol onde as crianças brincam.

De acordo com o presidente do bairro, Nilson Ferreira de Oliveira, a última limpeza feita no local foi em março de 2011. Com os documentos que protocolou neste mês na prefeitura de Campo Grande, ele explica a situação e diz que, com as chuvas, o barro e cascalho da rua Charlotte desce todo para a rua Alcindo e fica acumulado em frente ao campo.

Com o tempo, o montante acumulado ultrapassou a rua e ficou retido no campo, que também está tomado pelo matagal. Sentada na calçada da casa em frente ao campo, a pensionista Madalena Toledo Milome, 50 anos, cuida dos netos, que brincam de bicicleta na rua de terra. “Às vezes eles até brincam no campinho, mas por causa do mato, tenho medo de ter algum bicho, acho perigoso”, diz a avó.

“Prefiro brincar na rua, no campo tem muito mato, acho que precisa cortar”, observa um dos netos de Madalena, de 6 anos. A pensionista ainda compara a situação da área de lazer com a de outro setor do Aero Rancho. “O campo deles é bem arrumadinho, parece até que é outra realidade”, comenta.

Por outro lado, há quem tire vantagem da situação. É o caso do autônomo José Tonial, 56 anos, que aproveita o matagal para apanhar comida para as galinhas que cria. “Economizo milho, né!?”, brinca. Em seguida, ele até faz uma sugestão. “Podia cercar essa área e colocar tudo minhas galinhas aqui, acabam com esse mato rapidinho”.

Motivo de brincadeira para seo José e de dor de cabeça para os motoristas.  Na rua do campo e também da linha de ônibus, não é só o barro e o cascalho que atrapalham, os buracos contribuem com o cenário. “Teve uma vez que um senhor chegou a cair do banco e machucou a coluna porque balança demais quando passa aqui”, lembra o motorista de ônibus Carlos Alberto, 40 anos.

Porém, o barro e o cascalho têm colaborado para os motoristas pisarem mais no freio. “Aqui parece pista de corrida, mas ao invés de sujeira, podia ter um quebra-molas aqui, para controlar a velocidade dos carros”, pontua o técnico em Enfermagem Isaias Justino Rosa, 38 anos.

Morador no bairro há 16 anos, ele diz que está com a solicitação do quebra-molas em mãos para protocolar na prefeitura. “Resolvi fazer isso antes que aconteça alguma tragédia, aqui já teve vários acidentes”, conta. Na quadra de cima da rua Alcindo J. Chagas funciona a escola Maria Lúcia Passareli, o que intensifica a movimentação de crianças no local.

De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, a Secretaria de Obras de Campo Grande já incluiu o local no cronograma de recuperação e limpeza da cidade para que seja feita a raspagem do barro e pedregulhos da rua, bem como o corte do matagal no campo de futebol.

Porém, a Secretaria irá priorizar outros bairros e ruas também prejudicados pela chuva, com crateras, desabamentos e alagamentos. As vias com linhas de ônibus que ainda não foram asfaltadas entram nesta programação de prioridades.