Água suja com dejetos da rede de esgoto se acumula nas ruas sem asfaltamento em diversos pontos da cidade.

Em Três Lagoas é comum encontrar ruas intransitáveis
devido às inúmeras poças de água ou de esgoto que mais parecem lagoas,
denunciam moradores. Uma das causas apontadas pelo Poder Público do Município é
o fato da cidade ser, em quase toda sua extensão, plana, o que impede a criação
de um sistema de drenagem “realmente” eficaz. A empresa de saneamento de Mato
Grosso do Sul (Sanesul) também têm contribuído para ampliar esse tipo de transtorno
à população, porém através de derramamento de esgoto pelas ruas da cidade.

No bairro Jardim das Paineiras, a dona de casa Cristina
Souza Gomes afirma que convive com o vazamento do esgoto em frente a sua residência
há mais de um ano, na Rua Antônio Estevão Leal. Nesta última sexta-feira (28),
o vereador Ângelo Guerreiro (PSD) convocou a imprensa para noticiar o problema
e buscar chamar atenção do Órgão responsável.

“O bueiro fica a cerca de dois metros de meu portão.
A água suja, com restos de dejetos humanos, sai sem parar pelas frestas da
tampa. Tenho quatro filhos e receio de que esse contato direto acabe trazendo
doenças para toda a minha família. De vez em quando, a Sanesul manda caminhões
para sugar o esgoto acumulado pela rua, mas não fazem nada para resolver o
problema em definitivo”, relatou.

Um dos moradores, Alvino Alves de Paula, já cansado
de não obter resposta da Sanesul, clamou para que o vereador, Ângelo Guerreiro
(PSD), interviesse na situação. O parlamentar, ao convocar a imprensa, esteve
presente para prestar esclarecimentos do fato que, segundo ele, é reincidente.

“Há meses comuniquei o problema à Sanesul. Os
servidores vieram e lacraram um dos bueiros, mas a situação só foi transferida para
logo mais adiante, em outra tampa. Desta vez, entrei em contato com o Guerreiro
para que ele lute por nossos direitos”, alegou Alvino.

Segundo o parlamentar, esse problema contínuo refere-se
ao escoamento do esgoto produzido pelo alojamento dos trabalhadores de uma fábrica
em construção, nas proximidades do bairro.

“Já estive aqui em outra ocasião. Solicitei resolução
do problema à Sanesul, mas o que podemos constatar é que a situação permanece
como antes. Não podemos aceitar que a empresa cruze os braços diante dos
inúmeros problemas que sua inoperância vem causando à população”, argumentou.

“O esgoto, apesar de tratado, que sai do alojamento
“Fazendinha”, é em maior quantidade do que a capacidade de escoamento da
tubulação instalada pela Sanesul. Isso causa o transbordamento pelas tampas dos
bueiros”, explicou.

Na mesma semana, no dia 26 de outubro, no Jardim
Bela Vista, de uma das tampas de bueiro jorrava esgoto com destino à Lagoa
Maior. A reportagem do Midiamax esteve presente no local e noticiou o caso na
data.

Para o secretário municipal de meio Ambiente,
Mateus Arantes, a Sanesul tem passado dos limites quanto ao cumprimento das
normas ambientais e de proteção à saúde pública.

“Por diversas vezes já notificamos a empresa quanto
a questões similares a esta. Acredito que o caso deve ser encaminhado para que a
Promotoria de Meio Ambiente tome as devidas providências. Nosso papel tem sido cumprido,
mas infelizmente, nota-se um completo descaso da Sanesul em solucionar
problemas desse tipo. Somente em uma semana notificamos a Empresa por dois casos
assim, em bairros distintos”, expôs Mateus.

Água pluvial
acumulada

Em outra situação, nas proximidades do DETRAN de Três
Lagoas, no Jardim Morumbi, o problema consiste no acúmulo da água das chuvas, provocados
pela inexistência de declive, a baixa absorção do solo e a falta de medidas públicas
para buscar solução para esse e outros casos similares, em vários pontos da
Cidade.

De acordo com o morador aposentado, Sílvio Pereira
da Silva, os dois lados do quarteirão em que reside, nos cruzamentos da rua Mário
César Mancini, nunca ficaram sem água parada.

“Aqui em casa temos muito medo que o mosquito da
Dengue use o local como criadouro. Afinal, os dois lados da rua nunca secam,
mesmo em tempo de estiagem. Agora que as chuvas começaram o problema só tende a
ser ampliado e a Prefeitura não toma uma atitude”, relatou.

Outro morador da mesma rua, Ricardo Cales, apesar
de ser um jovem de 12 anos, já sente com os problemas criados pela água parada.

“Todos os dias vou para a escola com os pés encharcados.
Tentei protegê-los com dois sacos plásticos, mas isso não impediu que essa água
suja penetrasse e molhasse meus pés. Meus pais também temem cair na imensa poça
quando passam de bicicleta pelas bordas dela para ir trabalhar”, desabafou o
adolescente.

Lama

Tanto no bairro Santa Luzia quanto em outra parte
do Jardim Dourado, os moradores sofrem por uma ação mal sucedida da Prefeitura.
Com a chuva desse final de semana, tais locais ficaram intransitáveis.

“Antes nossa rua era basicamente de areia. Por mais
que chovesse, não tínhamos que conviver com a extensa lama. As patrolas e os
caminhões da Prefeitura vieram e jogaram terra vermelha e saibro. Hoje, a cada
chuva, ficamos ilhados dentro de nossas casas, pois é impossível vencer o
imenso lamaçal formado na porta de nossas casas”, relatou Rosa Vieira, moradora
do Jardim Dourado.

Conforme relato de um dos residentes do Santa
Luzia, Clóvis Aureliano, é comum ver carros atolados pelas ruas do bairro.

“Todos aqui pagam IPTU e a Prefeitura não garante nem
um de nossos direitos fundamentais, que é o de ir e vir. Toda vez que chove, até
ônibus tem dificuldade de passar por essas ruas. Quase todos atolam”,
denunciou.

Devido ao feriado prolongado, representantes da
Sanesul e da Prefeitura não foram localizados para comentarem sobre os fatos.