A imagem de N.S. do Carmo, retirada da capelinha do forte, por ocasião da ocupação paraguaia, em dezembro de 1864, e levada para Cuiabá pela mulher do comandante das forças brasileiras, coronel Portocarrero, é devolvida à origem, em 27 de junho de 1874:
A trasladação efetua-se com imponência sem igual, sendo a imagem acompanhada desde a praça da Sé à rampa do porto geral, ao longo da rua 13 de Junho, trapizada de folhagens pela população inteira de Cuiabá. As varas de pálio, sob cujo docel ia o venerando bispo d. José Antônio dos Reis conduzindo a imagem, foram sustentadas durante o trajeto por veteranos da guerra. Escolhidos entre os que tomaram parte na defesa de Coimbra.
Logo depois do pálio viam-se em grande uniforme o general José de Miranda da Silva Reis, presidente e comandante das armas da província; o almirante barão de Melgaço, autoridades e comandantes militares. Seguia-se a tropa em pelotões; grupos de colegiais, famílias e crescida multidão fechavam o préstito
“O Liberal”, jornal de Cuiabá, de 3 de julho de 1874, publicou a despedida da santa, com detalhes:
FESTIVIDADE RELIGIOSA – No dia 27 do corrente foi conduzida por S. Exa. Rvems. para bordo do vapor LEOCADIA, afim de ser levada para o Forte Coimbra, a imagem de N. S. do Carmo, padroeira daquele forte.
Há 10 anos sua excelência reverendíssima foi receber no Porto com o coração livre de dor e banhado de lágrimas acompanhado por uma multidão que curtiu em silêncio os desastres da província. A virgem do Carmo foi tirada e conduzida de Coimbra para esta cidade quando o forte teve de render-se ao inimigo após 2 dias de heróico combate.
Reconstruída hoje aquela praça de guerra pelo major Francisco Nunes da Cunha, pediu este a transladação da padroeira para a sua Capela. A procissão do dia 27 foi a mais solene e concorrida que temos visto, quando séquito em mais de 4000 pessoas em todas as classes desde os primeiros funcionários sua excelência reverendíssima conduzia a imagem debaixo do pálio carregado por 6 cidadãos dos que assistiram ao combate de Coimbra, os quais traziam pendentes as respectivas medalhas.
A meio caminho para o Porto teve lugar o encontro da procissão de São Gonçalo, no segundo distrito e seguiram ambas até o porto de embarque. S. Ex. reverendíssima embarcou-se então em um escaler, convenientemente preparado, acompanhado pelo senhor general Miranda Reis e dirigindo-se para a bordo do vapor LEOCADIA, onde estava preparado um decente altar, algumas senhoras e cavalheiros acompanharam até ali a padroeira de Coimbra. O vapor estava embandeirado em arco e o seu digno comandante, o senhor Boaventura da Mota, recebeu os seus ilustres hópedes da maneira mais obsequiosa.
Para tornar mais bela e importante a procissão, o digno diretor do Arsenal de guerra, o senhor capitão Cunha Barbosa, fez construir dois lindos arcos, formando uma formosa alameda. Os cacs da Marinha e os lugares próximos, estiveram apinhados de povo até quase desaparecer o vapor com guarda honra de honra e salva de artilharia.
FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 332.
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