O PSOL apresentou um documento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados que reforça uma representação feita pelo partido que pede a cassação da deputada Carla Zambelli (PL-SP) por supostamente estar vinculada a tentativa de golpe. O novo pedido se baseia em “novas falas incitadoras do golpe de Estado” feitas pela parlamentar, segundo a sigla.

O aditamento foi assinado nesta sexta-feira, 15, após a divulgação de que o ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, disse em depoimento à Polícia Federal ter sido abordado por Zambelli com a exigência para não deixar o ex-presidente Jair Bolsonaro “na mão”. A defesa de Zambelli afirmou que a deputada nunca fez pedido ilegal, não se recorda do fato e “se, porventura, pediu acolhimento, o fez por causa da derrota nas eleições”.

À PF, Baptista afirmou ter recusado a atender pedido “ilegal” da parlamentar. “Deputada, entendi o que a senhora está falando e não admito que a senhora proponha qualquer ilegalidade”, teria dito o militar a Zambelli, segundo seu próprio depoimento.

O PSOL diz que as falas de Zambelli “são extremamente graves” e que a prática é “incompatível com a ética e o decoro parlamentar e é um “imperativo” que a Câmara casse a deputada.

“Carla Zambelli é um dos maiores expoentes do golpismo – e, portanto, do desrespeito ao Estado Democrático de Direito – dentro da Câmara dos Deputados”, escrevem a presidente do PSOL, Paula Coradi, e os 14 deputados da federação PSOL-Rede que assinam o documento. “É fundamental que a representação chegue ao Conselho de Ética: e a cassação da Deputada Carla Zambelli, mais do que uma possibilidade, agora se torna um imperativo.”

A sigla já tinha apresentado outro documento pedindo a cassação de Zambelli em agosto de 2023, quando o hacker Walter Delgatti Neto afirmou, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, que Bolsonaro o ofereceu um indulto para que invadisse o sistema das urnas eletrônicas e expusesse supostas vulnerabilidades. Zambelli, segundo Delgatti, mediou a conversa dele com o ex-presidente.

Esse primeiro pedido ainda não foi recebido pelo Conselho de Ética e aguarda envio da Mesa Diretora da Câmara. Caso o documento chegue, caberá ao presidente do colegiado, Leur Lomanto Júnior (União-BA), dar prosseguimento.

Apenas em 2023, foram 29 representações protocoladas, após um começo de ano perturbado na Câmara, com trocas de insultos, palavrões e brigas entre bolsonaristas e apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Todos os 22 casos julgados foram arquivados – um deles envolve a própria Zambelli, acusada por Duarte (PSB-MA) de tê-lo mandado “tomar no c…” em uma audiência com o ex-ministro da Justiça, Flávio Dino. Zambelli negou ter dito a palavra ao parlamentar e disse que era preciso “acalmar os ânimos”.

O relator do caso, João Leão (PP-BA), optou pelo arquivamento por ter “dúvidas” sobre o que aconteceu no incidente.

Sete outros processos foram protocolados em 2023 e ainda aguardam avaliação.