O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresenta nesta segunda-feira o Programa Terra da Gente, que define estratégias para ampliar e dar agilidade à reforma agrária. De acordo com a gestão federal, até 2026, 295 mil famílias agricultoras serão beneficiadas com a medida. Para 2024, o governo calcula um orçamento de R$ 520 milhões para a aquisição de imóveis, que deve beneficiar 73 mil famílias.

O decreto será assinado nesta tarde pelo chefe do Executivo. A cerimônia será às 16 horas no Palácio do Planalto e contará com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário e Familiar, Paulo Teixeira, e do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), César Aldrighi.

De acordo com o governo federal, a medida organiza formas de obtenção e destinação de terras: já adquiridas, em aquisição, passíveis de adjudicação por dívidas com a União, imóveis improdutivos, imóveis de bancos e empresas públicas, áreas de ilícitos, terras públicas federais, terras doadas e imóveis estaduais que podem ser usados como pagamento de dívidas com a União. “Assim, o Governo Federal passa a ter um mapeamento detalhado com tamanho, localização e alternativas de obtenção de áreas que podem ser destinadas à reforma agrária”, diz o Palácio do Planalto em nota.

Segundo a gestão Lula 3, de 2023 a 2026, 295 mil famílias devem ser incluídas no Programa Nacional de Reforma Agrária, sendo 74 mil assentadas e 221 mil reconhecidas ou regularizadas em lotes de assentamentos existentes. Além disso, mais 7 mil famílias devem acessar as terras por meio do Programa Nacional de Crédito Fundiário.

“O Terra da Gente e as novas alternativas de obtenção vão ampliar em 877% o número de famílias assentadas em relação ao período de 2017 a 2022”, afirma a gestão federal. Inicialmente, o anúncio estava previsto para segunda-feira passada, dia 8, mas o governo utilizou a data para um alinhamento final do projeto com Lula, Paulo Teixeira, além dos ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Fazenda, Fernando Haddad.

A entrega da “prateleira de terras” improdutivas e devolutas pelo governo federal ocorre durante o tradicional “Abril Vermelho” – mês do massacre de do Carajás (PA) em 1996, quando 21 trabalhadores rurais ligados ao MST foram assassinados pela Polícia Militar – como uma tentativa de frear invasões do movimento. Lula vê a “prateleira” de terras improdutivas como uma “solução pacífica” para evitar invasões.

Em 2023, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou diversos atos durante o mês de abril, o que provocou um desgaste na relação entre o governo e o agronegócio e o Executivo e o próprio movimento. Integrantes do MST vêm demonstrando descontentamento com os assentamentos de terras na atual gestão e com o fato de ainda não terem sido recebidos por Lula.

Mais cedo, o MST anunciou por meio de nota que ocupou nesta segunda-feira áreas nos Estados do Ceará, Goiás, , Pará, e . A ação se soma a outras duas áreas ocupadas, no domingo (14), em Petrolina (PE) e uma área invadida na semana passada em Itabela, no extremo sul da . No total, há nove áreas invadidas pelo movimento. As ações fazem parte dos protestos realizados no “Abril Vermelho”.