“É muito triste ver a destruição de um patrimônio que levou uma vida inteira para ser erguido”, lamenta Delamor Sader D’Ávila Filho, diretor das Livrarias Cameron. A rede tem dez lojas instaladas em Porto Alegre (RS), três delas no Aeroporto Salgado Filho, além de um centro de distribuição e dois depósitos. Agora, a tragédia que devastou o Rio Grande do Sul é mais uma página as ser rasgada no setor que atravessa por inúmeros problemas nos últimos anos. A previsão de retomada da rede à normalidade é apenas em setembro.

“Nunca, nem no planejamento mais distante, poderíamos levar em conta que precisaria elevar os produtos acima de 1 metro. A água subiu a 1,5 metro. Funcionário nenhum está treinado para elevar as mercadorias a essa altura”, disse Delamor Sader D’Ávila Filho, diretor das Livrarias Cameron.

O retorno das atividades só deve ocorrer após setembro. Para lojas situadas no aeroporto, a reabertura vai depender da volta de pousos e decolagens no local. Com as pistas ainda alagadas, diferentes motivações são vistas como determinantes.

“Tenho muito medo de que o aeroporto demore muito para voltar ao normal, porque o Executivo vai fechar menos negócios e o turista de fora que vem para Gramado vai pensar um pouco mais, porque a cidade virou zona de deslizamento”, disse Delamor.

Segmento de livros e papelaria é de extrema sensibilidade às enchentes. Diante da tragédia, o setor não consegue estimar o tamanho do prejuízo. A atividade amarga também com a perda de móveis, veículos e equipamentos eletrônicos.

O drama vivido por D’Ávila Filho é o mesmo enfrentado pelo comércio gaúcho. A Federação Varejista do Rio Grande do Sul estima que os prejuízos do setor até o momento giram em torno de R$ 10 bilhões. O valor leva em conta as perdas de materiais e estoques devido à devastação.

Expectativa é de que a volta à normalidade do setor na região só aconteça apenas no fim do ano. A entidade que representa os varejistas do estado prevê que o funcionamento do comércio deve começar do interior para a capital.